O Museu da Maré em celebração dos seus 13 anos de existência e resistência, sediou a abertura da Semana Nacional de Museus. Mas esse ano, o motivo para comemorar é bem maior, pois a instituição obteve a posse definitiva do espaço onde funciona. Fundado no dia 8 de maio de 2006, o Museu possui um acervo com mais de 5 mil fotos, uma biblioteca, uma réplica de uma casa de palafita – as primeiras casa construídas no Complexo da Maré, além de oficinas para crianças.
A instituição foi criada por jovens moradores integrantes do CEASM – Centro de Ações Solidárias da Maré, com o intuito de mudar a forma como a favela é vista, mostrando de uma maneira geral que as favelas possuem as suas histórias e raízes, possibilitando o acesso a cultura para todos os grupos sociais, ampliando o conceito museológico que é restrito aos grupos mais intelectualizados.
“Quando a gente pensa em museu, a gente sempre pensa em algo distante da gente, lá no centro ou na zona sul. Trazer a abertura da semana para favela é muito bom, porque mostra que a gente tem que democratizar todos os acessos à cultura. O museu, esteja ele onde estiver, é nosso. Todo e qualquer museu também é nosso, porque de alguma forma ali tem o trabalho de um trabalhador que o construiu”, disse a coordenadora do Museu da Maré, Claudia Ribeiro da Silva.
Em 2014, a empresa proprietária do prédio pediu para que o Museu desocupasse o terreno, desde então, foram 4 anos de mobilização para permanência do Museu. Após a luta, a empresa decidiu doar o espaço, porém o Museu teve que arcar com todo o custo burocrático da doação, no valor de R$ 70 mil. Com o auxílio de duas instituições alemães, a Misereor e a Adveniat, foi paga a quantia necessária e ainda sobrou para investir na infraestrutura da propriedade, reforma elétrica e prevenção contra incêndios.
A coordenadora disse que a posse definitiva do prédio permite ainda pensar em uma possível expansão. “Poderemos pensar em um projeto arquitetônico no museu. A gente não conseguia fazer muita coisa, porque toda vez que a gente tentava alguma intervenção, era exigida a escritura. Tudo isso dificultava muito. Poderemos, finalmente, pensar em coisas legais para cá”, disse Claudia.
Marielle Presente!
Após 14 meses sem respostas sobre quem mandou matar Marielle Franco, fica difícil falar de Maré e não citar a vereadora, que foi assassinada em um atentado ao carro onde estava com o motorista Anderson Pedro Gomes, no dia 14 de março de 2018. Desde semana passada, o Museu da Maré apresenta a exposição sobre Marielle Franco, que cresceu na Maré.
A vereadora já foi tema de outras exposições no Museu, a exposição “Tempos de Marielle”, que retrata em a trajetória de Marielle em 10 quadros, a doce, a aguerrida, a militante, sua atuação à frente dos Direitos Humanos, a vida política e a pessoal e seus últimos passos antes do atentado. O artista plástico Marcondes Rocco, professor de Educação Física e mestre de capoeira, morador do Morro do Conceito – em São João de Meriti, Baixada Fluminense, é o responsável pelos obras de arte.
Marcondes começou a pintar em 2015, no início, usava só os dedos para fazer rostos de pessoas. No ano seguinte, ganhou uma bolsa de estudos para o Atelier José Luiz Carlomagno, em Copacabana, na Zona Sul do Rio. Ali, aprendeu a usar os pincéis, entre outras técnicas. Em seguida, estudou no Museu de Arte Moderna de São Paulo e foi convidado para participar da Academia Brasileira de Belas Artes. Ano passado, começou o curso de Pintura Contemporânea da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Jardim Botânico.
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