No Brasil infelizmente não se tem a cultura da preservação da memória. Aliás, joga-se até para debaixo do tapete. Rui Barbosa fez isso com os documentos da escravidão, a fim de esconder a vergonha e as atrocidades cometidas pelos portugueses contra os negros.

Os que ficaram admirados e estarrecidos com a truculência da polícia do governador “Álcool Em Mim”, esqueceram que este pertence ao PSDB. No Rio de Janeiro o governador Marcelo Alencar que por coincidência, também tem uma “pequena“ ligação com o álcool e que pertencia ao mesmo PSDB, escolheu para secretário de segurança pública, ninguém menos que o General Nilton Cerqueira, aquele que matou o nosso heróico Capitão Lamarca no interior da Bahia. Vale ressaltar que o herói Lamarca tem na sua origem uma favela – a favela do São Carlos no centro do Rio. Este período foi sombrio e macabro para os favelados do Rio de Janeiro. Cerqueira criou as gratificações e promoções para os agentes policiais. O resultado era refletido no aumento de prisões e mortes tendo como uma das justificativas, o “famoso” Auto de resistência.

O fato estranho desta época, é que os registros informavam que morriam ao dar entrada nos hospitais. Mas nas favelas viam-se os corpos enrolados em lençóis.

Esta é apenas uma das muitas heranças malditas deixada pela ditadura militar. O sistema não mudou: militares, policiais, políticos, juízes e simpatizantes, estão vivos e atuantes. Seus filhotes também se encontram na área. Usam ainda descaradamente das mesmas armas antigas, entre elas, a mentira e a grande mídia. Podemos encontrá-los sem dificuldade na plataforma do PSDB, onde o seu trem fantasma tem parada certa e seus espectros fomentadores da desigualdade social descem.

A dificuldade para a implantação da Comissão da Verdade é reflexo desta corja, nem Dilma ex-guerrilheira, está conseguindo derrotá-la. Então, procurasse uma nova arma porque senão, jamais saberemos onde se encontram os desaparecidos políticos. Assim como também não iremos conhecer o destino dos que desapareceram no Pinheirinho.

A única certeza que temos é que no final deste ano haverá outro Natal, mas jamais existirá um novo Pinheirinho.

RUMBA GABRIEL

FUNDADOR DO MOVIMENTO POPULAR DE FAVELAS