Um pequeno país na Ásia Central encontrou a solução mais simples de eliminar a pandemia nos pouco menos de 500 mil Km² do seu território: a partir de hoje, 31, quem falar em coronavírus no Turcomenistão, mesmo na conversa com um amigo, pode ser preso sem apelação.
Apesar de discutível, pode dar certo, porque no passado foi proibida a palavra “problema”, e parece que funcionou para o ditador de nome quase impronunciável, Gurbanguly Berdymukhamedov.
O pequeno Turcomenistão é comandado pelo ditador de 62 anos desde 2007, ano seguinte da morte de Saparmyrat Nyýazow, que governou desde a criação do país, em 1990, com o fim da União Soviética, e de quem era dentista. Extravagante, Gurbanguly já inaugurou estátua de si próprio na capital, Ashgabat.
Na tentativa de parecer democracia, o Turcomenistão promove eleições periódicas, a última há três anos, quando o ditador teve 97,67% dos votos. Antes, em 2012, provavelmente ano de insatisfação popular, cravou exatos 97%, resultados que lhe conferem status de unanimidade nacional.
A principal atividade da economia turcomana é a extração de gás natural na imensa Cratera de Darvaz, que arde em fogo desde 1971. O país é o último colocado no ranking de liberdade de imprensa dos Repórteres Sem Fronteiras e o penúltimo no em liberdade global pela Freedom House, entidade com sede em Washington.
Assim, os pouco mais de cinco milhões de habitantes desse remoto reino do faz de conta têm que se sentir seguros e livres do Covid19, sobretudo porque a rede de saúde pública do país é praticamente nula desde que Gurbanguly Berdymukhamedov fechou os hospitais fora de Ashbagat, ainda quando Ministro da Saúde do antecessor.