Durante toda a campanha do primeiro turno, Eduardo Paes, que foi prefeito da cidade do Rio de Janeiro por dois mandatos, liderou as pesquisas de intenção de voto para governador do estado, dominante nas porcentagens. A corrida então seria pelo segundo lugar e a chance de confrontar o candidato do DEM no segundo turno. A princípio, apontava-se que esta disputa seria vencida por Anthony Garotinho (PRP) ou Romário (PODE), e candidatos como Tarcísio Motta (PSOL) e Márcia Tiburi (PT) eram as outras possibilidades.
A impugnação da candidatura de Garotinho e a queda de Romário, por conta dos debates, deixaram uma incerteza em quem seria o candidato da vez. Então, nesta última semana, começou a se observar uma ascensão de dois candidatos um pouco diferentes das tendências: Índio da Costa (PSD) e Wilson Witzel (PSC). Um ponto em comum explica muito da ascensão dos dois nas pesquisas: o apoio ao presidenciável Jair Bolsonaro. E a força dessa linha tomou tons bem claros, quando a pesquisa do Datafolha, em 6 de outubro, um dia antes da eleição, mostrou Witzel simplesmente em segundo, empatado em porcentagem com Romário.
E o que podemos ver agora com o resultado das urnas é muito surpreendente e expressivo. Eduardo Paes, que sempre girou em torno de 30% dos votos, conseguiu apenas o segundo lugar, sem sequer obter 20% do eleitorado. O primeiro foi Wilson Witzel, com assustadores 41%. O terceiro lugar ficou com Tarcísio, com apenas 10%. Mas então, quem é esse homem que desbancou todos e ganhou 47 das 49 zonas eleitorais da capital?
Wilson Witzel é um ex-juiz federal e novato na política, concorrendo em sua primeira eleição, tendo experiência apenas no combate à corrupção e criminalidade. Suas principais propostas estão na área da saúde e da segurança pública, onde ele apresenta discurso rígido e até semelhante ao presidenciável que ele apoia, contando com declarações polêmicas. Ele tem forte relação com Bolsonaro e sua família, e já chegou a pedir votos para o candidato do PSL, em debates. Inclusive, nos confrontos com seus rivais, fez fortes ataques e se destacou nesse ponto.
Do outro lado, temos que falar de Paes, certamente surpreendido com tudo isso. Mesmo dando declarações respeitosas após o resultado das urnas se oficializar, nem ele nem ninguém poderia apontar o novato Witzel superando-o com mais do dobro de votos. Paes é sem dúvida, o candidato mais experiente e de discurso mais bonito, fruto da longa jornada na política, como vereador, deputado e prefeito. Tendo sido aquele com mais tempo de comercial na televisão, apresentou ideias sólidas. Um ponto fraco contra ele é o fato de representar a velha política no estado, simbolizada pela forte ligação com ex-governador do estado Sérgio Cabral, hoje condenado por vários crimes. Até por isso, tentou ao máximo se desvincular de figuras do MDB, seu antigo partido.
Esse primeiro turno mostrou um resultado que nenhum instituto de pesquisa foi capaz de apontar, confirmando o decisivo papel dos debates, e principalmente, a força política de Jair Bolsonaro no Rio de Janeiro. Não é possível prever muito agora, e seria até uma irresponsabilidade cravar um resultado, com o que vimos ontem. Agora, resta ao povo observar melhor as propostas de Witzel e Paes e os seus futuros confrontos em debates, nas próximas semanas. Certamente, será uma forte luta de ideias e ataques pessoais, que definirão muita coisa. E agora, esperamos até o dia 28 de outubro, quando descobriremos o que será do futuro do estado do Rio de Janeiro.