Marcante, inovadora, colorida, e, acima de tudo, revolucionária. Essas são algumas das qualidades que teve a décima nona edição da Bienal Internacional do Livro, no Rio de Janeiro. Nela, os cariocas puderam ter contatos com uma série de atividades culturais e educativas. Todos puderam se encontrar ali e mostrar o valor que a cultura popular, de pretos, pobres e LGBTQI+ tem.
A agência de Notícias das Favelas(ANF) cobriu o evento. Se pedissem uma palavra que resumisse tudo que houve, esta seria “integração”. Tanto quem mora no morro como no asfalto estava lá, juntos uns com os outros, o que não acontece normalmente. Isso é enriquecedor, seja pelo debate, que ajuda a desconstruir preconceitos, ou para descobrir o talento alheio.
Dito isso, não podemos deixar de falar do esporte. Principalmente pelo fato dos mais pobres terem dificuldades em conciliar a rotina de treinos com a de estudos. Sendo assim, falamos com o grande judoca brasileiro e envolvido nessas questões,Flávio Canto. Ele diz que no Brasil é mais difícil, mas que é necessário a gente tentar dialogá-los. Os resultados ficam melhores ao fazer isso.
Os livros de favelas também ganharam o festival, mostrando que a história não é mais contada pelo homem branco. Agora é a vez do escritor local, que vive o dia a dia nas periferias. Representantes desse gênero como Jessé Andarilho, Otávio Jr., Bell Santos e grupos de Slam fizeram sua passagem pelo evento. Falar da comunidade, principalmente das suas virtudes, é essencial nos dias de hoje.
Embora seja um sucesso, a Bienal do Livro sofreu com alguns problemas. Um deles é a perseguição do prefeito do Rio, Marcelo Crivella. Essa semana, ele mandou apreender alguns livros e HQS, pois tinham conteúdo homossexual. Mesmo tendo conseguido apoio na lei, o município ameaça até suspender a licença do evento. Esse é o preço que se paga ao realizar cultura no Brasil.
Como dito no começo, a edição desse ano do festival foi revolucionária. Falou e mostrou a riqueza da favela em meio a um espaço de brancos. Teve um preço acessível e se impôs, defendo a cultura LGBTQ+, mesmo que correndo riscos. O evento chega ao seu fim hoje, mas fica aqui uma pergunta: O que esperar 2021. O que esperar da próxima Bienal numa cidade comandada por fascistas?