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Crédito: Thiago Souza Santos

Uma pergunta típica feita para crianças e adolescentes, pensando no que eles gostariam de fazer profissionalmente quando se tornarem adultos. E mesmo não existindo resposta certa ou errada, menos ainda definitiva, o universo da moda durante muitos anos esteve bem distante de ser possível para meninas e meninos negros da favela. 

Para falar sobre moda e carreira, o A Voz da Favela conversa com a modelo Rebecca Abayomi, 15 anos, moradora da Cidade de Deus.

Como você se sente no mundo da moda, trabalhando como modelo nessa indústria?

Eu me sinto eu mesma, e eu me identifico muito com a passarela, gosto da adrenalina.

Como você vê o mercado para modelos, em especial para os negros e outros grupos?

Ele está se reinventando, e está se abrindo, mas nem sempre do jeito certo, ainda tem muito racismo dentro desse meio e ainda tem muitas empresas e marcas grandes que não querem ter inclusão ali, mas está ampliando, hoje em dia eu vejo mais pessoas iguais a mim.

Rebecca com 10 anos no desfile do Centro de Referência da Juventude – Crédito: Arquivo Pessoal

Quais são seus referenciais no mundo da moda?

De antigamente gosto muito de ver a Naomi, ela é literalmente perfeita! A Gisele também é uma referência, uma brasileira que ganhou o mundo. E, atualmente, a atriz e modelo Lucy Ramos.

Você sempre quis ser modelo?

Quando eu era menorzinha, tinha uns 3 ou 4 anos, pra mim modelo de passarela era ser estilista, então eu cresci falando que eu queria ser estilista. Quando eu ganhei uma certa idade e descobri que o nome era modelo de passarela, eu falei: “Nossa, é isso!” Mas eu pensei que era uma coisa de criança, de momento, até que eu fiz o curso de modelo lá no Centro de Referência da Juventude, e falei: “Caramba é isso mesmo!” 

Uma dica ou recomendação para a garotada que pretende entrar nessa área?

Ter calma, paciência e treinar bastante. Até hoje eu continuo treinando, é uma questão de evolução, para a cada dia melhorar sempre.

E qual o diferencial de ser uma modelo agenciada?

Antes da agência eu já me considerava modelo, mas eu não recebia propostas. Quando eu entrei para uma agência, as propostas começaram a vir. Ser de agência é um passo bem grande na profissionalização na carreira.

Rebecca fazendo pose com apenas 2 aninhos – Crédito: Arquivo Pessoal

O que você vislumbra para o seu futuro como uma jovem de 15 anos? 

Eu não penso muito em fortuna e dinheiro, eu penso mais numa coisa que eu faço porque eu amo. Eu espero ser conhecida, ser referência… uma menina que saiu da Cidade de Deus e chegou lá, venceu. Eu quero ser um incentivo.

E da menina da Cidade de Deus para o mundo. Que menina é essa e o que vai ter que superar pra ser no futuro esse destaque, essa referência?

Muita coisa, né? Eu vou ter que superar muitos preconceitos, que existem mesmo. Inclusive, passei por vários na minha vida escolar por conta do meu cabelo. Antigamente eu achava que tinha que seguir um padrão e hoje eu entendo que não preciso, que eu posso ser seu, apenas eu, um perfil novo.  

Matéria publicada originalmente no jornal A Voz da Favela edição (outubro/2021)

Você já leu a matéria sobre a conexão das crianças com a natureza? Confira agora.

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