O racismo não dorme. E hoje teve mais um capítulo triste, desta vez envolvendo uma grande empresa de produtos de limpeza. A Bombril recebeu milhares de críticas nas redes sociais, depois do lançamento desastrado de uma esponja que traz em sua embalagem uma referência racista.
Trata-se da propaganda de uma palha de aço chamada “Krespinha”, seguida do slogan “Ideal para a limpeza pesada”. Em um momento histórico em que os debates sobre raça e gênero ganham visibilidade e fortalecem a luta por respeito e igualdade, esse tipo de postura só demonstra a falta de sensibilidade e descompromisso com a luta antirracista.
A conotação racista da peça publicitária está no uso da palavra “crespo/crespa”, e da imagem da mulher, criando estereótipo, associando-o ao trabalho doméstico e pesado. É inacreditável que um material tão ofensivo à dignidade e à humanidade de pessoas negras tenha sido elaborado, aprovado, impresso e colocado à venda sem ter sofrido autocrítica.
Onde estão os responsáveis por aprovar esse ato criminoso? O crime de racismo precisa ser combatido, por todas e todos e, principalmente, pelas pessoas brancas.
O cinismo é latente e o desrespeito vai sendo copiado e colado, naturalizando o racismo década após década. A empresa sequer criou uma campanha. Fez cópia de outra peça publicitária de mesmo teor racista, citada pelo portal de notícias UOL: uma esponja de aço com o mesmo nome era vendida pela S. A. Barros Loureiro Indústria e Comércio, na loja Sabarco, em São Paulo, em 1952.
A preguiça de pensar e de se colocar no lugar do outro precisam ser substituídas por empatia, engajamento e visão crítica. As empresas precisam diversificar suas equipes de criação, gerenciamento e comando, contratando profissionais negros e negras para esses postos, para evitar o discurso hegemônico e a falta de debate. Não há desculpa para esse erro gravíssimo!
Não devemos tolerar os crimes de racismo.
Além de denunciar esta peça publicitária de péssimo gosto e objetivamente racista ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária – CONAR, é necessário que os órgãos de justiça sejam acionados. Com a palavra o Ministério Público.