A cidade onde nasci é cheia de belezas e encantos, carrega com ela inúmeras histórias, algumas são de luta, de força e sobrevivência. Lá no começo da cidade aconteceram inúmeros fatos históricos muito significativos para o povo negro, o nosso povo. Esse é um lugar que cujo morador, por mais antigo que seja, vai está sempre descobrindo um novo fato histórico.

Fotografia: Rômulo Alberto

A Zona Portuária é um lugar que por mais que seja revitalizado e cheio de novos prédios, ainda encontramos ali uma energia que nos conecta com as histórias do nosso povo. Bem perto dali dos complexos Morro da Conceição, Castelo, Morro de Santo Antônio e Morro do Senado, existia o Cais do Valongo, que foi o local por onde desembarcavam milhares dos africanos escravizados por volta do século XVIII e início do século XIX.

Antes o local para desembarque era a Praça XV, mas as autoridades resolveram mudar pois acreditavam, que a presença dos escravos causava muito incomodo a elite portuguesa além de acusá-los de propagarem doenças contagiosas. Depois de reformado em 1843 para o desembarque da Imperatriz Teresa Cristina, o local passou a levar o nome de Cais da Imperatriz.

Fotografia: Rômulo Alberto

Hoje, esse mesmo local é considerado um sítio arqueológico de memória racial, relembrando momentos de muita dor e sofrimento da história dos nossos antepassados, e que também é um local de reconhecimento da contribuição dos africanos e seus descendentes na formação do nosso país.

Um dos morros que ainda sobrevivem as reformas e mudanças naquela área, é o morro da Conceição, um lugar muito pacífico com casinhas que te trazem a sensação de que não está mais no centro da Cidade, e sim em um vilarejo de paz e tranquilidade, bem diferente de toda aquela agitação e correria que acontece ali ao lado na avenida Rio Branco.

Fotografia: Rômulo Alberto

E por falar em Rio Branco, no final da famosa avenida, bem aos pés do Morro da Conceição, existe uma praça enorme chamada Praça Mauá, o local era conhecido como Largo da Prainha, mas com o crescimento das atividades comerciais, em 1910, o local recebeu um monumento com 8,5 metros para homenagear ao Barão de Mauá que naquela época já tinha se tornado Visconde.

Na Zona Norte à caminho da Zona Sul podemos refletir sobre o tipo de legado que deixaremos. O Rio de ontem, nos faz entender o Rio de hoje e nos leva a reflexão, sobre qual Rio queremos para o amanhã. Que Rio temos construído? Que memória deixaremos para os nossos filhos?

Estamos sempre tão ocupados, andando pelo centro do Rio em meio a tanta gente, no meio do barulho dos carros, apressados com o sinal, desviando dos moradores de rua, tentados pelas promoções dos camelôs e, por muitas vezes, fugindo de possíveis assaltos, que acabamos esquecendo da beleza dessa cidade, da história e da importância dessa cidade que é maravilhosa. Que Rio de Janeiro queremos para o amanhã?

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