Já dizia a historiadora e professora Emília Viotti: “Um povo sem memória é um povo sem História”. É justamente isso que o tour histórico “O Rolé dos Favelados” busca exaltar: a história e a identidade do Morro da Providência, a primeira favela do mundo. É tão comum ver notícias ruins, que assolam as favelas, que precisamos sempre lembrar que aqui também há muitas coisas boas acontecendo. Essas iniciativas são importantes, porque buscam legitimar a identidade e elevam a autoestima dos moradores da região.
O tour pelo Morro da Providência é realizado pelo Providência Turismo e tem como pioneiro o morador e ativista Cosme Felippsen, de 27 anos, que diz ter feito seu primeiro guiamento pela favela aos oito anos de idade para dois turistas estrangeiros. Daí em diante, Cosme não parou mais e conta com outros parceiros, como a jornalista e cria do Complexo da Maré Gisele Martins, nos passeios que acontecem não só pelo Morro, mas também na Região Portuária, conhecida como Pequena África. O tour não procura somente contar a história da mais antiga favela do Rio, mas também trazer a reflexão através da interação com os participantes, de maneira que se possa pensar sobre a realidade local em todos os seus aspectos.
O passeio costuma ocorrer várias vezes no mês e fins de semana, e é divulgado na página do Providência Turismo. O ponto de encontro é na Central do Brasil, onde depois os participantes sobem o morro a pé pela manhã e conhecem seus principais pontos. A caminhada termina com um almoço numa parada quase obrigatória do morro, o Bar da Jura, que foi premiado no 1º Festival Gastronômico e Cultural Sabores do Porto (2012). Todos são bem-vindos: desde os próprios moradores, que muitas vezes não conhecem a história local, e demais curiosos que se interessam pela história do Rio de Janeiro. Sim, porque não devemos esquecer que contar o passado das favelas é falar sobre como o Rio de Janeiro foi se construindo e ainda se constrói. Assim, é relevante trazermos à tona esse tipo de iniciativa para que cada vez mais pessoas se interessem pela sua memória e tenham certeza de que favela é, sobretudo, lugar de resistência.