Habitualmente reservado, o vice-presidente general Hamilton Mourão rompeu o silêncio europeu e advertiu que as manifestações às portas dos quartéis significam o descontentamento de parcela significativa da população com o processo eleitoral. Para ele, pouco importam elogios e reconhecimento internacionais às urnas eletrônicas e a segurança que oferece; interessa dar consistência às queixas do presidente sobre fraudes que não houve em nenhuma das tantas vezes que se candidatou a deputado federal a presidente da república.
Desde um congresso de lusófonos do outro lado do oceano, o general bate o bumbo fiel ao sistema que o encastelou na vice-presidência e ao mesmo temo manda recado cifrado ao novo governo. Esse recado já foi dado pelo próprio Mourão quando o presidente iniciou o chororô da derrota batendo na tecla da fraude e, aproveitando-se da sua elevação a senador gaúcho, nas duas próximas legislaturas.
“Temos que aproveitar o capital político dos 58 milhões de votos e trabalhar os próximos quatro anos no fortalecimento de uma oposição de direita capaz de defender nossas interesses e barrar as propostas da esquerda”. Não foram exatamente estas as palavras, mas o sentido é literal. Mourão segue o roteiro golpista de Augusto Heleno, que lamentou a boa saúde de Lula.
Quem acompanha nossa política se lembra de Hamilton Mourão nem figurava entre os cotados a compor a chapa como vice-presidente. Era um general recém-saído da ativa, de grande prestígio no Comando Militar da Amazônia e mais anticomunista do que Bolsonaro, Mourão elogia o torturador Brilhante Ustra, considera o Judiciário incapaz de garantir o funcionamento das instituições e não descarta uma possível intervenção militar no país. Tinham sido convidados para a vaga e recusaram o então senador Magno Malta, o general Augusto Heleno e a advogada Janaína Pascoal.
O súbito aparecimento de Hamilton Mourão, falando da Europa sobre assunto tão doméstico sugere mais do que se poderia pensar. Sugere que novamente o general é convocado pelo sistema a fazer mais do que defendê-lo. A questão das 250 mil urnas inventadas por um instituto pago pelo PL transborda para o movimento dos caminhoneiros e dos baderneiros financiados nas ruas e nos quartéis, ganha ares de reivindicação legítima. Hamilton Mourão merece destaque na conspiração e não aceitá-lo será traição ao movimento que o transferiu de Manaus para Brasília.
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