A morte de Martin Luther King Jr. completou, ontem, 50 anos. Nobel da paz em 1964 e importante ativista na luta dos direitos civis e contra a discriminação racial nos Estados Unidos, liderou um boicote contra a segregação racial nos ônibus após Rosa Parks, costureira negra, ter se recusado a ceder o assento a um homem branco.
Nascido no dia 15 de Janeiro de 1929, filho e neto da Igreja Batista, King seguiu pelo mesmo caminho. Formou-se em Teologia na Morehouse College e quatro anos depois concluiu doutorado em Filosofia pela Universidade de Boston.
No livro “Um apelo a Consciência” da Editora Zahar, que reúne os melhores discursos do Pastor, importantes nomes narram como King era eloquente em suas falas, que reuniam centenas de pessoas que se amontoavam pra ouvi-lo pregar a não-violência e o protesto pacífico. Contestado muitas vezes por Malcolm X, que também foi um importante ativista, mas que o respeitava, Luther King chegou a ser preso.
“Temos o dever de desobedecer as leis injustas”, dizia.
Sua trajetória começou em 1954, após assumir a função de pastor de uma Igreja no Estado do Alabama, local onde ocorriam os maiores conflitos raciais do país. Nove anos depois, liderou a Marcha sobre Washington que reuniu cerca de 250 mil pessoas, onde proferiu seu importante discurso que ficou na memória pela frase emocionante “I have a dream”.
“Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença – nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais.
Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos desdentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade”, discursou.
No dia 4 de abril de 1968, uma bala silenciou a voz que incendiava corações e que serve como referência para algumas pessoas até hoje.
Mas o sonho de King ainda não foi o suficiente para que alguns negros no Brasil assumissem o senso de identidade e reconhecerem o racismo implícito no país – com exceção da polícia, que tem um racismo explícito. Mais frustrante é ver negro defendendo racista, o que faria o pastor se revirar no túmulo.
Outro assunto importante é quando se fala de pena de morte. Uma parcela significativa dos cristãos é a favor, fugindo da não violência que King tanto pregava. Talvez por ele não ser citado nas escolas como deveria, percebemos que muita gente nem sequer sabe quem foi o pastor, numa terra onde os Edir Macedo se passam por Martin.
Em memória, carrego sempre uma frase de Luther King que diz: “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons.”