Olho para cima. A gôndola do Bondinho de Bonsucesso passa por mim, com pessoas gritando dentro, não sei se assustadas, ou deslumbradas (talvez um misto dos dois!). Mais a frente há uma fila de pessoas para viajar na nova sensação da zona da Leopodina, subúrbio do Rio de Janeiro.
Confesso que há um tempo tinha certo medo de passar por esta região. A sensação de que um atirador do tráfico iria me alvejar a qualquer momento não me saia da ideia. Mas hoje, vendo aquelas famílias se divertindo, indo passear ou trabalhar no bondinho, me faz pensar no quanto é gostoso morar nessa região onde cresci que infelizmente a violência me fez temer. .E penso também em como há poucos pontos turísticos ou opções de lazer para se visitar neste lado do túnel. Parece-me que os turistas só ficarão lá pelos lados de Copacabana e Barra. Um desperdício de viagem, no mínimo.
Logo, resolvi fazer uma pequena e certamente incompleta lista de locais para se conhecer, para além das praias e casas de shows da zona sul.
Para começar, há que se falar da nova “jóia da coroa” carioca, o teleférico do Conjunto de Favelas do Alemão, ou Bondinho de Bonsucesso. A vista é magnífica, coisa que confesso, só via em sonhos. Primeiro sistema de transporte de massa por cabo do Brasil, o teleférico do Alemão atende cerca de 3 mil pessoas por hora, em média 30 mil por dia. Foram construídas seis estações entre Bonsucesso e Fazendinha, passando pelo morro da Baiana, comunidade esta no qual cresci.
De Bonsucesso, seguindo a linha do trem aconselho a ir a Ramos, com a Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense, ao Cacique de Ramos e ao Piscinão de Ramos, e lembrar que ali, há tempos existia uma praia, que fazia a alegria da população da Leopoldina, e a novela O Clone, colocou em evidência em âmbito nacional essa obra. De Ramos, o caminho leva a Olaria, ao estádio do Olaria Futebol Clube, e sua feira de roupas, famosa na região (o churrasquinho é imperdível!)
Próximo passo: ir à Igreja da Penha, apreciar a vista, e rezar, aproveitando para depois ir ao Parque Shangai, se divertir com a garotada.
Caso queira ver um show bom, com ingresso barato, pode-se ir a uma das lonas culturais, como a Lona Cultural João Bosco em Vista Alegre. Ou se gosta de um bom livro, pode-se ir à Biblioteca Parque de Manguinhos, e ver de perto um espaço de cultura e de conhecimento a disposição das sofridas 16 comunidades da região. Dependendo do dia, pode-se ir no evento REP– RITMO E POESIA, no Jacarezinho
Não esquecendo a região de Benfica, com a Rua dos Lustres e a Cadeg, e o imbatível centro turístico de São Cristovão, com a Feira São Cristovão (sou cearense, não vou trair as origens), a Quinta da Boa Vista e o Jardim Zoológico do Rio de Janeiro, o Museu do Primeiro Reinado / Casa da Marquesa de Santos, o Museu Imperial, Museu Militar Conde de Linhares, Museu de Astronomia e Ciências Afins e a Paraíso do Tuiuti.
Claro que nem tudo na zona da Leopoldina, no Rio de Janeiro é só turismo, alegria, passeio e gastronomia. Há os cracódomos, o tráfico ainda domina várias áreas, o nível desemprego é grande. A falta de opção para alguns jovens, adultos e idosos desassistidos, principalmente na região por onde o teleférico, passa ainda assusta.
Mas o subúrbio onde eu vivi, e tenho orgulho de pertencer, está aos poucos revivendo. Pontos turísticos para se visitar não faltam. Como disse no inicio, a lista que proponho aqui é pequena e incompleta.
E a sua, como seria?
Maximiano Laureano da Silva