Resenha: o tecido poético de Jairo Pinto

Capa do livro: E assim, teço amanhãs- Crédito: Divulgação

Assim, teço amanhãs, de Jairo Pinto.

Em tempos que tiram esperança de nossas vidas, uma voz negra e consciente que grita em coro, semeando futuros e costurando continuações é sempre bem vinda e louvável.

E quando essa chama tremula entre nós, caminha rotas que se entrecruzam com nossos cotidianos, a força do verbo e dos versos se multiplica, se materializa, fortalece. Nos damos conta que somos multidões num esforço de fé na vida plena, com felicidade e restauração de nossa humanidade.

É assim a poesia de Jairo Pinto, direta, incisiva, poemas-sementes que vicejam dentro de nosso coração, nos movendo e comovendo, nos sensibilizando.

Poemas burilados, construídos com esmero e cuidado; um lapidar de verbos, versos, rimas, que encantam pela beleza estética e pelo surpreendente.

Revolução que Jairo planta e nos faz companheiros das lutas, das demandas, declarações afetivas, relações paternas e maternas em construções poéticas.

Poemas que constroem amanhãs com rotas, pontes, passarelas, mapas que enobrecem e cativam. Amanhãs necessários à nossa humanização.

Um panorama tecido com passados, presentes e pavimentos para o futuro, referenciando Guellwar Adún, José Carlos Limeira, Fábio Mandingo, Grupo Ágape e Sarau da Onça, Drummond, Fernando Pessoa, Nelson Maca, Ilê Ayê, Ana Célia Silva, Miriam Alves, Davi Nunes, Esmeralda Ribeiro, dentre outras estrelas da constelação de Artistas da Palavra que o alimentam com suas produções.

Uma esteira rica em ancestralidade para descansar o corpo e a alma. Viva a Poesia de Jairo Pinto!

Perfil: Jairo Pinto

Um poeta e escritor nascido no subúrbio ferroviário de Salvador.

Publica há mais de uma década em diversas antologias, como _Cadernos Negros_ (Quilombhoje) – incluindo o volume 42, foi semifinalista do Prêmio Jabuti de 2020 e _O Diferencial da Favela: Poesias Quebradas de Quebrada_ (Editora Galinha Pulando).

Publicou seu primeiro livro individual, o _Por Onde Começar: antologia de verso e prosa_ (Cogito Editora), em 2016, relançado em 2020 no formato ebook. Em 2021, publicou seu mais recente livro de poemas, o _E Assim, Teço Amanhãs_ (Selo Katuka).

Participa de diversos eventos literários e é poeta residente do Sarau Bem Black.

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Valdeck Almeida de Jesus
Valdeck Almeida de Jesus é jornalista definido após várias tentativas em outros cursos, atua como free lancer, reconhecendo-se como tal há bastante tempo. Natural de Jequié-BA (1966), e escreve poesia desde os 12, sendo este o encontro com o mundo sem regras. Sua escrita tem como temática principal a denúncia: política, de gênero, de raça, de condição social, de preconceitos diversos: machismo, homofobia, racismo, misoginia. Coordena o movimento “Galinha pulando”, o qual pode ser visto no blog, no site e nas publicações impressas. Este movimento promove anualmente um concurso literário, aberto a escritores(as) do Brasil e do exterior. A poesia lhe trouxe o encantamento, mundos paralelos, as trocas, a autocrítica, a projeção de si e de outro(s), maior consciência de classe e de coletivo. Espera que as sementes plantadas se tornem árvores, florescendo e frutificando em solos assaz diversos. Possui 23 livros autorais e participa de 152 antologias. Tem textos publicados em espanhol, italiano, inglês, alemão, holandês e francês. Participa de vários coletivos da periferia de várias cidades, bem como de algumas academias culturais e literárias.