O Bando de Teatro Olodum, que é sinônimo de resistência, reconhecido no mundo inteiro pela forma como interpreta a arte preta, oferece Oficinas de Performance Negra, um projeto para além dos palcos. A iniciativa fomenta a formação de novos artistas através de oficinas gratuitas que serão ministradas em polos, no Centro Cultural de Plataforma, no Espaço Cultural dos Alagados, na cidade baixa; e no Centro Histórico, no Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab).
A nova remontagem da peça, terá a direção teatral de Cássia Valle, Leno Sacramento e Valdinéia Soriano, vencedores na categoria Melhor Direção do Prêmio Braskem de Teatro em 2023 com a peça “2 de Julho – Resistência Cabocla”. A coreografia do espetáculo tem a assinatura de Zebrinha (José Carlos Arandiba), coreógrafo e preparador de elencos reconhecido em diversos países por trabalhos na TV e no teatro, e a direção musical por conta do premiado cantor e compositor Jarbas Bittencourt que compôs “Bando do Amor” música interpretada pelo ator Lázaro Ramos no filme Ó paí ó 2.
O Espetáculo
Criado por Márcio Meirelles e Bando de Teatro Olodum em 1997, a peça celebra os 25 anos da estreia desse sucesso que levou mais de 40 mil espectadores em mais de 300 apresentações no Brasil, Portugal e Angola. O musical aborda temas sobre relações raciais que atualmente vem ganhando grande magnitude através das redes sociais e sociedade
Em 2023 o espetáculo havia sido apresentado num recital de forma resumida “No recital é como se a gente tivesse feito uma adaptação para uma versão que se aproxima muito mais de uma abertura dramática ou de um sarau… naquele espetáculo a gente não executava as coreografias e nem a movimentação cênica estruturada por Zebrinha, é uma forma que a gente tinha de marcar o conteúdo do espetáculo numa mostra do que é o texto do espetáculo muito mais do que ação… se fosse música seria como uma versão acústica” afirma o diretor musical Jarbas Bittencourt.
A expectativa de salas lotadas como de costume nas apresentações do Bando De Teatro Olodum, visa debater sobre temas como colorismo, as barreiras do mercado de trabalho, a sexualização de corpos negros e a polêmica sobre o racismo reverso “Nos trinta e poucos anos que estou no Bando sempre vejo as mesmas caras, nós envelhecemos e nosso público também, claro que estão chegando os jovens… as pessoas que vêm assistir o bando, vem para consolidar um apoio, ser solidário com o grupo, ser participante com esse grupo, mas o que eu queria mesmo era encher a sala de gente branca pra gente dar essa paulada” desabafa o coreografo Zebrinha.
Oficinas de Performance Negra
Com mais de 700 inscrições e com 90 pessoas beneficiadas sendo 30 para cada núcleo, as aulas também iniciaram no último dia 26/03, após coletiva no Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira – Muncab.
A iniciativa é uma oportunidade de trocas artísticas, além de despertar novos talentos das artes cênicas, vale salientar que o bando revelou artistas consagrados como Lázaro Ramos, Érico Brás, Edvana Carvalho (atualmente atuando como Inácia na novela Renascer), Sulivã Bispo, Lucas Leto, entre outros. “O bando tem uma marca, a formação somos nós, cada um de nós passamos por oficinas para estar aqui. Formar é necessário para abrir mente, para colar na corda, para a galera da comunidade que tem um potência danada… o bando começou com um teatro preto, que bebia do candomblé, dos toques africanos, com povos originários, o bando vem buscar a teatralidade que o nosso povo sempre teve”. conclui a diretora teatral Cássia Vale.
O projeto é produzido pela Criôla Criô – Agência de Comunicação e Produção Comunicação plural, diversa e inclusiva, conta com o patrocínio da Wilson Sons, um dos maiores operadores integrados de logística portuária e marítima do Brasil, via programa de Isenção Fiscal Viva Cultura, da Prefeitura de Salvador, Secretaria da Fazenda – SEFAZ, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo – SECULT e Fundação Gregório de Mattos- FGM.
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