O que representa o 8 de março pra você?
Na minha visão o que se propaga a respeito desse dia, é o apelo comercial capitalista que resume ainda mais essa data, simplesmente ao Dia da Mulher.
Dia de celebrar a beleza e sensibilidade da mulher, dia de receber flores, elogios, gentilezas e cavalheirismo.
Chove propaganda na TV romantizando a mulher guerreira. E tome flores, maquiagens, perfumes… “Valorize SUA mulher e lhe dê sapatos novos de presente”, dizem.
Sempre que o 8 de Março se aproxima, eu lembro que no ensino médio ouvi a história que ocorreu no ano de 1857, onde centenas operárias morreram carbonizadas por policiais em uma fábrica têxtil de Nova York (EUA). Na ocasião elas reivindicavam a redução da jornada de trabalho (mulheres trabalhavam cerca de 14h por dia) e o direito à licença-maternidade.
Em 1909 houve uma grande greve de mulheres costureiras coordenadas por um sindicato, buscando acordos coletivos a fim de conseguir estabelecer melhores condições de trabalho e segurança, já que as fábricas eram ambientes totalmente insalubre, haviam muitos têxteis inflamáveis, a iluminação era a gás, fumar em lugares fechados era bastante comum, e não existiam extintores de incêndio.
No ano de 1911 em 25 de março, ocorreu o incêndio na fábrica da Triangle Shirtwaist em Nova York. Um desastre industrial que causou a morte de mais de uma centena de pessoas.
Então, em homenagem às vítimas, foi instituída a comemoração de 8 de março, o Dia Internacional da luta pelos direitos das Mulheres.
Entretanto antes desses fatos, as mulheres (brancas) já lutavam por emancipação, justamente pelo direito de trabalhar fora, pois a estrutura patriarcal da sociedade não permitia mulheres exercerem atividades que não fossem de caráter doméstico (cuidar da casa, filhos, marido, empregados).
Destaco: mulheres brancas, pois as mulheres negras já exerciam esse “direito” desde o perverso período da escravidão e nesse caso por uma questão de sobrevivência. A luta da mulher negra vem muito antes da luta sufragista, feminista por emancipação. Era uma luta por liberdade e direito à vida.
(Aqui abriria-se um enorme parêntese para falar de feminismo negro e da luta de raça e classe em destaque das mulheres negras dentro do movimento e da sociedade). Mas o foco é o 8 de Março e o que ele representa de fato.
Portanto, muito antes de o “8 de março” ser destacar como data comemorativa, a luta das mulheres, no geral, já era algo progressista que vinha ganhando cada dia mais adeptas e com elas outras pautas foram sendo agregadas – por direitos que nos foram negados apenas pelo fato de sermos mulheres.
Direito de ir e vir sem ter que estar acompanhada de um homem ou precisar de sua autorização; direito de ir e vir sem ser assediada, abusada, estuprada por um homem; direito de estudar; direito de não querer cuidar exclusivamente da casa e poder trabalhar fora; direito de ocupar lugares de liderança nas empresas; direito ao voto, direito de sermos votadas e estarmos inseridas de fato nas esferas políticas; direito de escolher ter ou não ter filhos; direito à liberdade afetiva e sexual; direito de sermos o que somos; direito de dizer não, sem ter que explicar ou justificar. Apenas não. Direito de VIVER, sem estar sob constante ameaça do feminicídio. DIREITOS!
Então, 8 de Março e dia de luta!
Dia de gratidão a todas as mulheres que lutaram e muitas pagaram com suas próprias vidas a conquista de direitos no qual hoje gozamos. Dia de afirmar que ainda temos muito para conquistar!
Por isso o movimento 8M mobiliza mulheres para conversar, debater, trabalhar pautas referente à luta das mulheres através de encontros e ações de panfletagem por todo país.
E na próxima segunda-feira (09), em Recife – PE e outras regiões do Brasil, acontecerá o grande ato 8M no qual milhões de mulheres vão às ruas na luta por igualdade e garantia de seus direitos. O evento terá concentração às 13h no Parque Treze de Maio que fica localizado no bairro de Santo Amaro, com saída às 16h para caminhada pelas ruas do centro da cidade.
Esse ano, o tema destaque do Recife é:”Feministas contra a violência do estado racista, patriarcal e capitalista“.
Além disso, o movimento está organizando atividades para o domingo (08) de março, com ações descentralizadas em diversos bairros para que mais mulheres possam participar.