A prisão de um homem em atitude suspeita à frente da delegacia de Madureira, Zona Norte carioca, foi o ponto de partida para o inquérito que apua a rede de monitoramento da milícia do Rio de Janeiro dos movimentos da Polícia Civil. Felipe de Farias Silva, de 27 anos, chamou a atenção dos policiais depois de quase uma hora mexendo em seu celular e fotografando a entrada da 29ª DP. Em depoimento, admitiu que estava a serviço de milicianos do bairro vizinho de Campinho. Segundo a polícia, ele enviava fotos e informações em um grupo de WhatsApp e em seguida apagava as mensagens.
Felipe é mototaxista e contou que recebeu ordem de um homem, que ele afirma ser miliciano, para monitorar a delegacia. Disse que não recebeu nenhum pagamento pelo serviço e alegou ser a primeira vez que fazia aquilo. A polícia, no entanto, aponta Felipe como olheiro do grupo. Ele foi autuado em flagrante pelo crime de constituição de milícia privada, que tem pena de quatro a oito anos de prisão. O homem já foi denunciado pelo Ministério Público e virou réu.
A suspeita da Polícia Civil é que, no mesmo dia da prisão de Felipe, um segundo homem monitorava a 28ª DP, na Praça Seca, com objetivo de acompanhar os passos dos agentes enquanto milicianos cobravam taxas na região. A intenção era evitar que os paramilitares fossem surpreendidos durante o recolhimento do dinheiro. Há suspeitas de que a milícia também monitore a movimentação de policiais militares e também de quadrilhas rivais na área. Ao contrário de Felipe, esse conseguiu escapar.