Desde a manhã desta terça-feira, 6, a Polícia Civil do Rio de Janeiro cumpri mais de 40 mandados de busca e apreensão contra milicianos e servidores públicos municipais que exploram comerciantes em Madureira, na zona norte do Rio de Janeiro. A Operação Brutus, nomeada em referência a Genivaldo Pereira das Neves, o Popeye (em alusão ao personagem de desenho animado), apontado como o chefe da quadrilha, inclui buscas na prefeitura, Câmara dos Vereadores e Guarda Municipal.
O esquema de extorsão obrigava comerciantes a pagarem até R$ 15 mil semanais para o grupo. Segundo a Delegacia de Crimes contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), camelôs tinham que pagar R$ 1 mil, estacionamentos R$ 2 mil e a maior quantia a ser paga ficava com shoppings. Ao todo, eram movimentados de R$ 60 mil a R$ 90 mil por semana com as cobranças irregulares.
De acordo com a polícia, a milícia de Madureira tinha a união de traficantes do Morro da Serrinha e de outros milicianos de Campinho. O grupo também está sendo investigado por formação de quadrilha, organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro, além do envolvimento em, pelo menos, nove assassinatos nos últimos dois anos. As mortes foram por causa de briga entre facções ou do não pagamento da propina exigida.
A quadrilha também é apontada como autora do assassinato de Daniel Rodrigues da Paz, o DN, testemunha da polícia sobre o esquema de extorsão. Daniel foi morto a tiros em abril deste ano, na zona norte do Rio, dias após identificar integrantes da quadrilha em seu último depoimento na DRCPIM.
Até o fim da manhã, foram apreendidos mais de oito toneladas de produtos contrabandeados em uma vila de casas na Estrada do Portela, que seriam vendidos por comerciantes ligados aos milicianos. Em Oswaldo Cruz, os agentes encontraram material de campanha da vereadora Vera Lins, que teve mandados cumpridos em seu gabinete na Câmara de Vereadores.
A buscas estão sendo realizadas nos seguintes endereços:
- Secretaria Municipal de Fazenda, na prefeitura;
- Em um gabinete da Fiscalização de Controle Urbano, na prefeitura;
- No gabinete da vereadora Vera Lins (Progressistas), na Câmara Municipal — o alvo é um funcionário dela;
- Na sede da Guarda Municipal em Madureira;
- Na Região Administrativa do bairro;
- No Campo do Falcon, área dominada pela milícia e o QG da quadrilha;
- Depósitos.
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