Mais de cinqüenta mortos em quatro meses na Maré em confrontos que tiveram a participação de policiais

 
Foi enviado hoje, dia 19 de outubro de 2009, um ofício à Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro que denuncia a prática de aluguel de carros blindados da PM e a violência das políticas de segurança que desconsideram a vida do morador de favela. O documento, endereçado pela Justiça Global, pede investigação sobre a atuação policial em comunidades da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro, e traz anexado um manifesto assinado por cerca de 200 pessoas e dezenas de organizações da sociedade civil e movimentos sociais.
 
O texto do manifesto faz referência às constantes trocas de tiros que têm ocorrido na Maré há quase cinco meses, desde que, em uma ação que teve a participação ativa de policiais e o aluguel de caveirões a uma facção criminosa, foi iniciada uma disputa entre traficantes. Levantamento feito por moradores dão conta de que, apesar da pouca divulgação nos meios de comunicação, até setembro mais de cinqüenta pessoas teriam sido mortas nos conflitos. No início do mês, o governo estadual e o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro já haviam sido igualmente oficiados.
 
Ato reuniu 600 pessoas em setembro

O envio do ofício foi feito apenas dois dias depois que um confronto entre traficantes em favelas de Vila Isabel não foi impedido por policiais e terminou com a queda de um helicóptero da PMERJ. Os conflitos entre grupos armados na Maré e o aluguel de caveirões já haviam sido denunciados reiteradamente pelos próprios moradores, mas as autoridades públicas praticamente não se posicionaram sobre o assunto. No início de junho, a Secretaria de Segurança chegou a soltar uma nota desqualificando as denúncias de que policiais militares participaram da invasão à favela Vila dos Pinheiros.
 
A violência na região e o silêncio dos governantes resultou em um ato organizado por moradores, organizações e igrejas locais que, no dia 20 de setembro, reuniu nas ruas da Maré cerca de 600 pessoas que pediram a valorização da vida e o fim da violência, e protestaram contra o descaso das autoridades.
 
O objetivo da entrega do documento é sintetizar os diversos relatos e denúncias ouvidos de dezenas de moradores desde o início dos confrontos, no dia 30 de maio de 2009, e cobrar uma rigorosa e célere investigação das denúncias. As diversas instituições que assinam o manifesto, a partir da situação da Maré, fazem uma crítica da política de segurança pública do governo do estado e relacionam a orientação desta política com a situação de caos vivida pelos moradores de favelas no Rio de Janeiro.

 
Leia o manifesto na íntegra em www.global.org.br
 
PARA MAIS INFORMAÇÕES:
Gustavo Mehl – Assessoria de Comunicação da Justiça Global
(21) 2544-2320