Na contramão do elitismo que o carnaval vem se tornando a cada ano, nasceu, na maior festa de rua do mundo: ORIgens. Localizado no Espaço Cultural da Barroquinha e com acesso livre, até a lotação da casa, tem a programação afrocentrada com nomes conhecidos e artistas consolidados na cena independente periférica da Bahia. Logo na entrada, o público é recebido de forma amistosa e com brindes, como bandanas que foram pensadas no black power e cabelos volumosos, ecocopos de papel e bottons.
A primeira noite foi de muito swing, começando por Pivoman, que pôs o público pra dançar com seus afrobeats quentes. Logo após, subiu ao palco Juli, que também é compositora e natural de Feira de Santana, Região Metropolitana de Salvador. Dona de uma voz doce, canta sobre positividade, ser livre e busca da felicidade. As canções autorais podem ser encontradas no seu ep de estreia Cantar e Voar.
Logo em seguida, mais uma mulher deu o ar da sua graça: Brena. Natural de Ilhéus e ex The Voice, apresentou um repertório cheio de axé music, covers e versões de grandes nomes do cenário nacional, como Baiana System, Carlinhos Brown, Luedji Luna, Chico César, e até internacional, como Rihanna. Trouxe ricas referências afrolatinas e o público dançou do começo ao fim. Após a potente voz de Brena deixar os palcos, vieram Os Gilsons, trazendo muito xote, músicas regionais, mpb, músicas com influências afrobaianas e até bolero, além de covers da cena, como também, Baiana System e Luedji Luna, e Gilberto Gil.
Rap Nova Era fez a galera bater a cabeça trazendo suas músicas autorais já conhecidas, acompanhadas em coro pelo seu público, além da participação de Fall Clássico no show. Deram o recado, mas foram retirados do palco muito antes do previsto para sua apresentação. O Dj Kbça explicou que apesar de ter “muitos eventos de rap na cidade, o que a gente por anos guerreou por isso, eu vejo uma cena em ascensão, ganhando espaço em grandes festivais, carnaval… Sair num trio elétrico de rap é muito importante pra nós, isso é grandioso“, o ritmo segue sendo silenciado: “é uma luta diária, só de a gente acordar e botar o pé na rua a gente já tá discriminado. Primeiro pela nossa cor, segundo pela nossa classe social, e terceiro pelo nosso ritmo musical, e isso é impactante pra nossa vida. Mas a gente não desiste nunca e todo dia a gente tá na rua. Quando as pessoas ouvem, a gente derruba o nosso padrão pelo que eles ouvem, as pessoas entendem que é poesia. A gente fala que 30 escolas fechadas são 60 cadeias em construção, e isso é muito forte, e não é da boca pra fora, porque estamos passando por isso nesse exato momento“, desabafa Kbça.
Larissa Luz veio fantasiada de “paquita”, como ela mesma citou, “que não durou nem uma música”, pois dançou e pôs todo
mundo a cantar e dançar com suas músicas, que já caiu no gosto do povo. Como sempre, Larissa Luz levantou questões de pertencimento, empoderamento negro e liberdade da mulher preta durante todo seu show, o que também é cantado por ela. A noite foi encerrada por Underismo, com seu rap underground soteropolitano, fazendo o público presente, – e o de fora do Espaço Cultural da Barroquinha- bater muita cabeça e cantar junto.
O acesso é gratuito, então é só chegar. ORIgens vai até o dia 25/02, das 15 às 23H00, com uma grade impecável de grandes artistas. Vale a pena saber sobre cada um deles. Confira a grade completa:
21/02/2020 (SEX)
PIVOMAN
JULI
BRENA
OS GILSONS
RAP NOVA ERA
LARISSA LUZ
UNDERISMO
22/02/2020 (SAB)
DJ NAI KIESE
DUQUESA
NARA COUTO
YAN CLOUD
MR ARMENG
NÊSSA
BAILE QUEBRADAUM
23/02/2020 (DOM)
BATALHA DAS BRUXAS
VANESSA BORGES
GUIGUIO DO ILÊ
AFROCIDADE
HIRAN
FAUSTINO
BAILE DO NÊGO
24/02/2020 (SEG)
CRONISTA DO MORRO
TRAPFUNK&ALIVIO
O QUADRO
OPANIJÉ
VANDAL
BATEKOO
25/02/2020 (TER)
DJ BELLE
DJ BRUXA BRABA
DI CERQUEIRA
IMPÉRIO RAGGA
DAGANJA
PAULILLO
BAILÃO DA CBX