Os blocos da Zona Sul e do centro da cidade, de uns 20 anos para cá, serviram para resgatar o carnaval de rua tradicional. Cordão do Boitatá e Céu na Terra são exemplos clássicos desse retorno das marchinhas e outros clássicos da MPB. Então por causa desses blocos, outros foram surgindo e não só com esse estilo musical. Há 10 anos mais ou menos o bloco de música latina Songoro Cosongo , veio diversificar o repertório das ruas e alguns anos depois a Orquestra Voadora mudou de vez essa história. Mas uma coisa foi se notando nesses novos blocos. O baixo número de pessoas negras e mestiças. Alguns mais críticos, acusam ainda desses blocos serem exclusivistas e não atrair as pessoas de baixa renda ou de comunidades e/ou periferia? Onde estão os negros alguns perguntam desafiadoramente? Confesso que isso me incomodava um pouco até ontem. Porém ao ir na Marquês de Sapucaí cobrir o desfile das Escolas de Samba do Grupa A obtive a resposta.
A massa negra das favelas e da periferia do Rio de Janeiro estão nas imediações da Passarela do Samba e principalmente dentro dela. Os negros estão desde limpando a avenida depois do desfile da cada escola, até de destaques dos carros alegóricos maravilhosos, brilhando nas baterias das escolas, ora como ritmistas, ora como rainhas de bateria, ou nas alas de crianças ou da velha guarda. Muitos comandam a harmonia e evolução de suas escolas, e claro puxando o samba de suas agremiações. É esse o carnaval que essa galera curte desde que nasceu. Está no DNA e pronto. Ou alguém acha que algum favelado vai sair de Madureira para curtir um bloco às sete da manhã em Santa Teresa ou na Candelária?
Evoé meu povo!