Alguém com mente estreita e mentalidade tacanha pode imaginar que eleição presidencial é como partida de futebol que termina com o apito do árbitro e o resultado no placar que pode ser contestado. Não é, e alguém precisa ser alertado sobre isso porque o tempo passa rápido demais e as consequências de sua ignorância proverbial podem afetar o futuro imediato do país. Por esta razão está previsto em lei o período de transição entre a vitória e a posse, a começar 48 horas depois do anúncio oficial do TSE até 10 dias de janeiro. O presidente eleito nomeia o responsável pela transição, que comandará uma equipe de 50 pessoas, remuneradas e com endereço cedido pelo governo que sai para trabalhar em Brasília.
Esta transição permitirá a adaptação das prioridades do vencedor à realidade que o espera, mas também sinalizará ao mercado financeiro, à indústria, ao comércio, aos serviços, à política em geral, à sociedade e ao mundo os rumos que o país adotará desde já, porque mesmo seguindo-se os rituais muitas decisões são urgentes e muitas até estão bem atrasadas.
O presidente Lula tem programadas, mas ainda não agendadas, viagens como presidente eleito a alguns países, aí incluídos Argentina e os Estados Unidos. Precisa ir à Europa e à Ásia e à Lua, se for convidado. Faz parte do trabalho e do jogo político e ele próprio já adiantou à imprensa às vésperas do segundo turno: “Quero fazer logo uma viagem para tentar restabelecer nossa relação com América Latina, os Estados Unidos, a União Europeia, a China. Pretendo fazer essa viagem para restabelecer o padrão internacional de relação desse país”.
Neste amplo contexto que inclui a eleição, não cabe ao perdedor fazer beicinho, ficar amuado nem chorar no travesseiro as traições. Não faz parte do jogo reclamar do juiz, do bandeirinha nem da federação de futebol. O jogo jogado foi jogado nas regras que ele tentou romper dia sim, outro também, e ainda hoje arrasta nesta aventura policiais rodoviários e caminhoneiros desavisados e distraídos, que também sentem saudade do chicote no lombo de pobres, negros, mulheres e crianças, assim como seu mestre e feitor. Vão dar com os burros n’água todos eles!