No que diz a respeito a nossa realidade, somos vencedores de forma desproporcional e isso nos torna resistente às tempestades. No último fim de semana, um grupo de crianças e adolescentes que vivem diariamente em meio à violência no Complexo do Alemão trouxe 14 medalhas de ouro, prata e bronze da Copa Brasil Sudeste de Judô, disputada em Minas Gerais.
Com idades entre 11 e 19 anos, os oito jovens Abraão Guilhermino, Ana Vanessa Raimunda Amorim, Brendo José da Silva, Breno Nascimento Paiva, Flávio Jerônimo Mauricio, Lauriene Cristine da Silva Menezes, Ludmila Cristine da Silva Menezes, Marcos Paulo Raimundo da Rocha e Maria Victoria Raimunda Guilhermino saíram daqui já como vencedores. Não havia dinheiro para o custeio de quimonos, transporte e alimentação durante o campeonato. O Alemão se uniu e através de doações de amigos, vizinhos e parentes, a primeira vitória já foi possível. A volta triunfal teve direito até a carreata dos medalhistas pela favela. O sonho agora é disputar os campeonatos brasileiro e sul-americano.
A força e superação dessa galerinha é algo sobrenatural. Em meio a estampidos de tiros, dor e sofrimento, sendo massacrados psicologicamente diariamente, ainda assim se sagraram campeões. Conheço cada um deles e sei das suas maiores dificuldades e sonhos. Sou testemunha ocular dos tantos desafios que eles enfrentam e a força de vontade de vencer. Desde a história da Victoria, passando pelo Abrão e Brendo, sendo surpreendidos pela Lauriene: todos eles são provas de superação e muita dedicação. Esses, sim, são nossos verdadeiros heróis.
A eles, dedico minha coluna de hoje. A todos que ajudaram e sonharam juntos com eles, deixo também o meu muito obrigado.
Colaborou Julianne Gouveia.