No princípio era o verbo e o verbo se fez voz pelas mãos, canetas, tipógrafos e mimeógrafos daqueles heroicos e verdadeiros primeiros jornalistas. Narravam com firmeza tudo o que acontecia. Mantinham o povo informado sobre todos os passos dos colonizadores imperialistas. Nenhum deles tinham diploma de curso superior como exigem hoje os sindicatos da classe. A imprensa estava a serviço do povo e pelo povo. Bem perecido com o Jornal do Brasil que conheci nas décadas de 70, 80 e 90, quando ali trabalhei durante 15 anos. Lá também a maioria não possuía o tal diploma, ainda assim as informações eram ricas e precisas. Como incomodava.
Antes de fugir para as terras tupiniquins, arrepiado de medo de Napoleão, D. João VI, recebia informações sobre os últimos acontecimentos no Brasil, através do “Serviço Secreto Português”. Falavam sobre alguns impressos que já circulavam por aqui. Imagina se publicassem que antes do embarque, haviam raspado os cofres do governo-providência o que se repetiria treze anos mais tarde ao deixar o Rio de Janeiro na viagem de volta a Lisboa.
Em 1807, embarcaram com o tesouro real cerca de 80 milhões de cruzados. Representavam metade das moedas em circulação em Portugal, além de uma grande quantidade de diamantes extraídas em minas Gerais que, inesperadamente, retornavam ao Brasil. A bagagem real incluía também todos os arquivos da monarquia portuguesa. Uma nova impressora, que tinha sido recentemente comprada em Londres, também foi embarcada a bordo da Nau Medusa como chegara da Inglaterra, sem sair da caixa. Neste caso, era uma carga irônica: para evitar a propagação de ideias consideradas revolucionárias na colônia, o governo português havia proibido expressamente a existência de impressos no Brasil, afirma Laurentino Gomes em seu livro 1808 editora Planeta, 2007,pág.75. A censura oficial também estava chegando com este covarde Rei português. Para fugir da censura, o Correio Brasiliense, primeiro jornal brasileiro criado pelo jornalista gaúcho Hipólito José da Costa, em 1808, seria impresso e distribuído em Londres.
Já naquela época, escrever por aqui, tornara-se perigoso, pois este Rei acabara também de fundar o que veria ser o maior instrumento de perseguição e tortura dos indignados, pobres, injustiçados e negros, – os Capitães do Mato oficiais – a Polícia.
Hoje, os descendentes dos colonizadores têm a sua mídia oficial. Só publicam o que lhes interessam e jamais divulgam a mídia alternativa, muito mais eficaz com suas verdades do que os seus periódicos comprometidos com o capital financeiro.
Desta forma, salve as primeiras redações populares e todos aqueles que sofreram com os mandos e desmandos do poder torturador. Um Viva a Wladimir Herzog e um grande Axé ao primeiro jornal on line de favelas do mundo – ANF – AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DAS FAVELAS.
RUMBA GABRIEL