Para onde vai o lixo que jogamos fora, quando o fora não existe?

A produção e o descarte de resíduos são questões ignoradas, apesar de fazerem parte da vida de todos.

Acumulo de lixo na Rocinha _ foto: Severino Franco

No Rio de Janeiro apenas cerca de 2% do lixo gerado diariamente é reciclado, sendo o serviço da Comlurb e cooperativas de coletas seletivas restritos a poucas comunidades, e ainda nestas, funcionando com capacidade reduzida. Entende-se, então, que dessa porcentagem nada ou quase nada vem das periferias da cidade. Isso acarreta todo tipo de descarte sendo realizado em aterros sanitários, assim como nas próprias ruas das favelas, na água, na mata, e em locais inadequados de modo geral.

Garis comunitários atuam com serviços que deveriam ser garantidos pelo governo. Porém, como não existe um projeto de educação prévia sobre o descarte nesses locais, não há cooperação da população com o trabalho desses agentes. Sem informação e oportunidade, a consequência é o despejo em locais inapropriados, gerando impactos negativos no meio ambiente e na saúde da população do entorno.

Para ilustrar um panorama básico e inicial sobre o processo de rejeite e reciclagem de resíduos nas comunidades, os moradores Severino Franco, da favela da Rocinha, e Carlos Adriano, do Complexo do Acari, contaram como é realizado esse serviço por lá.

“Na Rocinha, a coleta de lixo é realizada em conjunto com os garis comunitários e com os da Comlurb”, explica Severino. A favela produz em média, segundo dados do projeto De Olho no Lixo, idealizado pelo Viva Rio, de 450 a 600 toneladas de resíduos por ano. Parte desse lixo produzido é separado e recolhido pelos agentes socioambientais ou por catadores e recicladores locais, e destinado para a Cooperativa Rocinha Recicla, que fica na parte baixa da comunidade. 

No entanto, a Rocinha tem sérios problemas com a destinação dos seus resíduos, especialmente nas partes mais próximas das matas da Floresta da Tijuca e nos canais abertos de despejos de esgoto. “As lixeiras, que ficam situadas nas principais vias de acessos da comunidade, estão sempre cheias e a coleta por parte da Comlurb é quase sempre irregular, gerando um lixo que se acumula em proporções que chega a tomar parte das ruas e aglomerar insetos diversos”, conclui Severino, morador e colaborador da ANF.

Com exceção da área denominada Parmalat, a comunidade do Complexo do Acari possui diversos pontos de coleta regular de lixo que, geralmente, ocorre às segundas, quartas e sextas, e varia em virtude dos feriados. 

Carlos Adriano informa que, em relação às ações de reciclagem, Acari conta com vários locais que compram materiais que podem ser reciclados, o que diminui a quantidade de material que vai parar nos aterros sanitários. 

Matéria publicada originalmente no jornal A Voz da Favela, edição de Junho 

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