Eu estou um pouco cansado de ouvir as pessoas condenarem a grande mídia e não fazerem nada para mudar! Quando percebi que a grande imprensa, em cada veículo, dava uma versão do fato de acordo com seus interesses, fiz questão de pensar em uma saída e fundei a Agência de Notícias das Favelas. Para quem teve o prazer, ou pelo menos se deu ao trabalho, de ler nosso editorial, vai perceber que pontuamos o problema que é percebido hoje, há tempos atrás. Já vi muita gente pelo caminho, tentando fazer um trabalho de mudança social, morrendo na praia. Será sempre assim, porque a elite pretende se perpetuar no poder e dificilmente abrirá caminhos para os que não comem em sua cartilha, tendo quase sempre, os grandes veículos de imprensa, que dependem destes, em suas mãos. Ao invés de continuar reclamando da imprensa, seja a imprensa! Esses dias convidei uma pessoa para ser colaboradora de nosso portal, que já conta com mais de cem colaboradores que receberam um login e senha para publicações. Aí a pessoa me pergunta: “Quanto vou ganhar?” Infelizmente ainda não temos condições de pagar para escreverem, tampouco é essa a proposta de nosso trabalho, apesar de saber a importância de profissionais de tempo integral conosco. Porém, esse é um espaço de manifestação daqueles que leram nosso editorial e entenderam que ao contrário da ideia que as elites tem de dividir para dominar, propomos nos unir para prosperar. Lembrei agora também de um grupo que durante algum tempo escreveu e divulgou seu trabalho de publicações pelo facebook. Esses dias encontrei com esse pessoal que me informou que o grupo tinha acabado, que não mais escreviam. Fiquei triste, mas disse: “Que tal então se somaram aos colaboradores da ANF?” Esse é só um desabafo, um convite, um chamado, para todos que querem ter uma visibilidade além das mídias sociais, para aqueles que querem participar da construção de um sonho que só cresce e se torna real a cada dia, uma convocação para que você, que gosta de escrever e acredita no poder de mobilização, venha fazer parte do nosso time!
Para facilitar, segue abaixo nosso editorial:
Editorial
Unir e resistir para crescer e prosperar
Levando em conta que (1) a luta autêntica é a luta de classes, travada entre a elite e as classes populares e que, justamente por este motivo, (2) convém à elite estimular a multiplicação de grupos que lutam desarticuladamente por direitos de minorias, muitas das quais comprometidas apenas com pequenas liberdades de comportamento ou consumo, faz-se necessário somar a luta pelos direitos dos moradores de comunidades carentes a uma luta revolucionária de caráter mais amplo.
Não há dúvidas de que as antigas máximas latinas divide ut regnes ou divide et impera, isto é, dividir e conquistar, estão na base mesma desta estratégia de enfraquecimento do poder popular colocada em prática pelas classes dominantes. Afinal, evitar a mobilização e a união das massas por meio da sua divisão em inúmeros grupos desarticulados, independentes e, em muitos casos, antagônicos no jogo social, sempre foi um recurso largamente utilizado ao longo da história.
Deste modo, ainda que nosso foco seja as favelas e comunidades carentes da América Latina, nossa política editorial é bastante ampla, pois entendemos que a luta das favelas e das comunidades carentes não pode ser desvinculada da luta global contra o capitalismo. Deste modo, em nossa organização, o termo favela adquire conotações bem mais amplas do que uma mera designação pejorativa para comunidades carentes, passando a representar todo aquele que não possui os direitos básicos da cidadania ou mesmo os que se identificam e apóiam a luta internacional dos povos pelos direitos e pela cidadania.
Sendo assim, o principal objetivo da Agência de Notícias das Favelas (ANF) é democratizar a informação de modo geral, não apenas veiculando notícias das favelas para o mundo, mas sobretudo estimulando a integração e a troca de informações entre as favelas, sempre com a finalidade de melhorar, por meio da formação de uma ampla frente popular, a qualidade de vida do povo, pois acreditamos que um mundo melhor é possível.