Parem de nos matar: comunidade da Gamboa e o povo preto quer paz!

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De acordo com moradores da Gamboa, periferia de Salvador, na madrugada da última quinta-feira, 27, policiais realizaram uma operação na região e duas pessoas foram mortas. Ainda segundo depoimentos, a operação teve início durante a noite, com o uso de helicóptero, seguindo até a madrugada com diversos tiros disparados, e os  moradores estão sendo intimidados pelos policiais.

Em nota, a Polícia Militar informou que a operação na Gamboa contou com apoio da Polícia Federal, e que a ação começou após os militares receberam a informação de que havia homens armados praticando tráfico de drogas na localidade. Ao chegarem ao local, os policiais teriam sido recebidos a tiros.

Diante deste cenário de truculência da polícia e a criminalização do seu território, organizações se juntaram e se manifestaram através de uma nota coletiva. Confira!

“Manifestamos profundo pesar pelos atos de violência ocorridos na madrugada desta sexta, 27 de outubro, na comunidade da Gamboa, em Salvador. A Gamboa é uma comunidade de referência na luta pelo direito à moradia e à cidade, que está em luta permanente contra o racismo institucional e a especulação imobiliária na cidade de Salvador.

É um território de resistência, de gente trabalhadora e de luta!

A execução de moradores pela Polícia Militar da Bahia, sobretudo de jovens negros, é recorrente em bairros negros periféricos de Salvador e comunidades quilombolas no interior do Estado. No entanto, as recentes ações das polícias têm aumentado exponencialmente o grau de violência nas nossas comunidades com teor alarmante de crueldade e sem respeitar os devidos trâmites do direito processual, o que só revela o projeto racista e genocida que estrutura a atuação destas instituições.

Em nome de um projeto falido de guerra às drogas, a ação institucional tem criminalizado e aterrorizado toda uma comunidade, causando mortes e violações de direitos nos seus territórios.

Dessa forma, conclamamos as autoridades para que tomem todas as providências possíveis para assegurar e garantir os direitos humanos dos moradores e moradoras e a preservação das suas vidas. Não é possível nos calarmos diante de tantas vidas ceifadas, de tamanha insegurança e dor.

Seguiremos em luta em defesa do nosso povo, da paz em nossas comunidades e da justiça para todos aqueles que tombaram. O povo preto quer viver!”