Paternidade responsável: “pai é quem cria”

foto ilustrativa Jude Beck /Unsplash

“Eu moro com a minha mãe, mas meu pai vem me visitar, eu moro na rua, não tenho ninguém, eu moro em qualquer lugar, já morei em tanta casa que nem me lembro mais,
eu moro com os meus pais”, trecho da música Pais e Filhos (Legião Urbana).

Segundo domingo de agosto, dia em que se comemora o Dia dos Pais, momento em que alguns pais e filhos que estão próximos, não apenas fisicamente, podem intensificar as suas relações. O pai mostrando sua responsabilidade da paternidade para com o filho não apenas em discurso, afinal o exemplo arrasta. Nesse mês em comemoração ao mês dos pais, a Defensoria Pública do Estado da Bahia, realiza mais uma edição da campanha “Sou Pai Responsável”, com objetivo de estimular a paternidade responsável e oferecer exames genéticos de reconhecimento.

A campanha completa 13 anos, contabilizando quase 20 mil exames necessários para o reconhecimento da paternidade, e nesse período de pandemia está sendo feita de forma remota, com cunho educativo, informando a importância do vínculo do pai com o filho, do registro e da família conviver junto. Campanhas como essas são importantes para que o número de registros de paternidade voltem a subir, uma vez que o Projeto “Pai Presente “, criado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), e acolhido pela Corregedoria de Justiça do TJBA em 2010, registrou em 2019, em Salvador, uma queda no resultado do projeto em relação ao ano anterior.

Durante o primeiro semestre de 2020, foram registrados 88.118 nascimentos de crianças baianas em Cartórios de Registro Civil. Desse total, 5.966 têm apenas o nome de suas mães nas certidões de nascimento. Os dados são da Central Nacional de Informações do Registro Civil (CRC Nacional), plataforma de dados administrada pela Arpen-Brasil.

Os números tornam cada vez mais forte o sentido da frase “pai é quem cria”, e nesse aspecto não podemos deixar passar despercebido a recente campanha da empresa de cosméticos Natura, direcionada para o dia dos pais, onde tem o artista Thammy Miranda está sendo um dos protagonistas na sua propaganda. Muito se repercutiu sobre essa ação da empresa, com elogios e críticas, fazendo com quem os valores de mercado da empresa subissem rapidamente. Muitos dos comentários discordando da iniciativa se deu por parte da população conservadora, que não concordou com a postura da empresa, usando a imagem de um homem trans na campanha para o dia dos pais.

A diversidade, a representatividade a inclusão e tantos outros elementos inseridos na campanha apresentada, e que não foi percebida por parte da sociedade, ou não valorizada, mostra que a real preocupação não é com a responsabilidades da figura paterna na relação pai e filho. Mas de quem se fala sobre essa figura, de quem está sendo exposto, pois inúmeras vezes é noticiado situações de pais agressores e irresponsáveis, sem a devida atenção e repúdio desse mesmo grupo tão vigilante com a “moral e os bons costumes”.

Não tem como falar o que é ser pai, quando você não vive a situação, mas na visão de filho da pra entender a necessidade e a importância da figura paterna seja a pessoa que for. Quantas crianças cresceram e crescem sem pais, e tiveram suas mães como figura materna e paterna?

Inúmeras vezes a frase “pai é quem cria” fez sentido na vida dessas pessoas, tenho essa figura paterna presente. O comportamento tóxico de algumas pessoas não pode perturbar o sentimento de amor, carinho e afeto, compartilhado entre pais e filhos. Que de alguma maneira a representação da paternidade não seja apenas nesse dia, mas durante toda a existência dessa relação. Que a troca de sentimento e gratidão, além de todo amor, seja fortalecido com um abraço, beijo, olhar, que o presente seja a presença. Feliz Dia dos Pais!

Campanha de paternidade responsável – Reprodução