Uma cena inusitada chocou os paraibanos e correu o mundo esta semana sob o manto da indignação. Para defender a abertura do comércio, empresários da cidade de Campina Grande, a 120 quilômetros de João Pessoa, teriam obrigado seus funcionários a se ajoelharem em frente as lojas para chamar a atenção da população.
A cena humilhante foi registrada na segunda-feira, 27, quando a prefeitura de Campina Grande quis abrir o comércio, mas foi impedida por decreto do governo do estado que prorroga o isolamento social pelo menos até o próximo dia 3, se os casos de Covid-19 continuarem aumentando na Paraíba.
O Ministério Público também se manifestou contrário à abertura do comércio em Campina Grande. O Sindicato dos Comerciários de Campina Grande e Região informou que não foi consultado sobre essa manifestação e que ela não foi de forma espontânea, pois a maioria dos trabalhadores é contrária à abertura do comércio neste momento de pico do novo coronavírus. A Paraíba tem hoje 543 casos confirmados de coronavírus e já contabilizou 50 mortes.
Em nota, a entidade afirmou: “O Sindicato em nenhum momento foi consultado pelos organizadores da atividade, sendo assim, é falsa a informação que este movimento foi organizado e realizado em comum acordo entre as partes”.
A nota afirma ainda que os comerciários teriam sido coagidos a ficarem de joelhos para pedir a abertura das lojas, de forma humilhante e degradante.
“Denunciamos que muitos funcionários participantes do referido ato, através de denúncias anônimas, foram coagidos a participar do movimento por parte de empresários, com a ameaça de demissão. Também denunciamos a postura de alguns empresários, que dada à presença dos representantes da categoria, de maneira agressiva tentaram inviabilizar a fiscalização e o trabalho destes”, conclui a nota assinada pelo presidente sindical José do Nascimento Coelho.
Já o presidente da Câmara de Diretores Lojistas de Campina Grande, Artur Bolinha, informou ao site ParlamentoPB http://www.parlamentoPB.com.br que a CDL não participou da organização do ato e que não houve coação nem ameaça a qualquer funcionário. Segundo as declarações de Artur Bolinha ao ParlamentoPB, o movimento foi voluntário e partiu dos próprios comerciários.
“Eles participaram de maneira espontânea, usaram a palavra no carro de som, porque sabem que se as empresas fecharem, perdem seus empregos. Em Campina Grande, está havendo apenas isolamento comercial. Os demais setores, bancos, lotéricas, supermercados, estão funcionando. No fim do evento, houve um momento em que decidiram fazer uma oração para que superemos a pandemia e muita gente participou. Eu mesmo me ajoelhei pedindo a Deus que esse momento difícil passe. O resto é distorção da esquerda. O presidente do sindicato é um militante comunista que mais contribui para sua causa partidária que para representar os comerciários. Até os comerciantes informais se ajoelharam e isso desmente as acusações do sindicalista”, denunciou.