Peça Vala é de grupo teatral da periferia de São Paulo. FOTO: Valmyr Ferreira

De hoje até domingo a Cia. Sansacroma apresenta Vala: Corpos Negros e Sobrevidas no Centro Cultural São Paulo. O impactante espetáculo, com entradas gratuitas, revela a história de limpeza étnica e genocídio da população negra ao longo dos tempos, destacando também sua resiliência e capacidade de sobreviver.

Com coreografias que propõem uma imersão estética intimista, a obra explora como nossa estrutura social justificou e moldou novos valores, conceitos de urbanidade, civilidade, segurança pública e uma escancarada política de morte.

O projeto foi concebido por Gal Martins, diretora do grupo. As inspirações surgiram após uma visita aos vestígios do violento período de escravização, conservados no Cemitério dos Pretos Novos, no Rio de Janeiro.

Milhares de corpos pretos enterrados

Especialistas dizem que até 20 mil corpos – de africanos escravizados que morreram durante a terrível viagem marítima de três meses ao Brasil – podem estar enterrados na área.

“Caminhar ali é uma experiência que nos atravessa em diversas camadas. Desse movimento, surge a nossa performance para justamente destacar que fomos, sim, enterrados”, diz Gal Martins.

Ainda segundo ela, esse enterro não é só literal, mas simboliza sobretudo a tentativa de “matar nossa ancestralidade, construindo a ideia do corpo oco a partir da política de violência instalada no país. Mas, apesar de tudo, estamos aqui. E, constantemente, renascemos e seguiremos renascendo”, destaca.

Companhia teatral da periferia

Em cada ato, Vala traz à tona o processo de objetificação e desumanização do corpo negro, provocando uma reflexão profunda sobre a estrutura racista implantada no Brasil.

A trilha sonora original foi criada por Dani Lova e Fefê Camilo. “Vale destacar que em cena, reverberando no ato dançante as nossas indignações coletivas, falamos de morte, mas, ao mesmo tempo, falamos principalmente da vida”.

Sediada no Capão Redondo, região periférica de São Paulo, a Cia. Sansacroma traz como ponto de partida as poéticas do corpo negro e a forma com este se insere na sociedade

Serviço

VALA – Corpos Negros e Sobrevidas

02 e 03/06, sexta-feira e sábado, às 21h

04/06, domingo, às 20h

Centro Cultural São Paulo – Sala Jardel Filho

Rua Vergueiro, 1000 – Metrô Vergueiro

Gratuito

Os ingressos podem ser retirados no local, com até uma hora de antecedência ou pela bilheteria online da unidade

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