Os povos e comunidades tradicionais pesqueiras de Pernambuco se unem nesta quinta-feira, dia 04 de agosto, em uma barqueata (manifestação fluvial de incidência política) no Recife pela luta por direitos da pesca artesanal. A resistência dos pescadores e pescadoras no Estado tem mais de cem anos e enfrenta ao longo do tempo diversas violações e tentativas de apagamento da história e da trajetória de luta pela soberania alimentar e garantia de direitos das comunidades que vivem da pesca.
O estado de Pernambuco é banhado por diversos rios e tem sua história intimamente ligada à atividade pesqueira, tanto na zona rural quanto na zona urbana, com milhares de famílias que retiram seu sustento das águas e garantem o abastecimento do mercado de pescado local. Mas essa história vem sendo desprezada por parte do poder público no que tange a criação de políticas públicas de defesa e garantia dos direitos dos povos e comunidades tradicionais pesqueiras e a proteção das águas, que sofrem com a constante poluição, degradação e incompetência dos órgãos públicos que deveriam zelar pelos bens naturais.
Na Barqueata 2022 estarão presentes as comunidades pesqueiras da Ilha de Deus, Baldo do Rio, Ilha de Mercês, Rio Formoso, Bode, Vila Tamandaré, Caranguejo Tabaiares, Brasília Teimosa, Cabo de Santo Agostinho e outras. Também estarão presentes organizações populares e coletivos como Livroteca Brincante do Pina, Onda Limpa Para Gerações Futuras, Caranguejo Tabaiares Resiste, Caranguejo Uçá, Ame Ciclo, Conselho Pastoral dos Pescadores, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Marcha da Maconha, Som na Rural, Ciranda de Mulheres, APPPACSA, Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais, Coletiva Cabras, Poupança Comunitária, Turma do Flau, Articulação Nacional das Pescadoras, FASE e Fórum Suape.
A mídia independente tem sido fundamental na construção desse processo de luta, dando visibilidade às violações de direitos das comunidades pesqueiras e na busca por justiça ambiental, por meio de intervenções nas rádios comunitárias, redes sociais e comunicação popular, além de mecanismos de divulgação e conscientização da população, como bicicletas de som nos territórios, programas de rádio, lives e campanhas audiovisuais.
O enfrentamento ao racismo ambiental tem sido a bandeira de luta da mídia independente junto aos pescadores e pescadoras artesanais, combatendo a especulação imobiliária, as violações de políticas ambientais, o desmatamento das áreas de mangue, o envenenamento e privatização dos rios, a priorização dos interesses do agro e hidronegócio e a descaracterização das doenças ocupacionais, que afetam diretamente a aposentadoria dos pescadores e pescadoras artesanais.
A concentração da Barqueata 2022 terá dois locais, às 7 horas na Ilha de Deus, Imbiribeira, Recife, e às 8 horas no Armazém do Campo Recife, Avenida Martins de Barros, 387, Santo Antônio, Recife. E a saída do Ato em marcha será às 9 horas no Armazém do Campo.
Esta matéria foi produzida em parceria com o jornalista Edson Fly e o Núcleo de Comunicação Caranguejo Uçá.
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