Conheci Laíla no Salgueiro quando ele cantou um lindo samba, cujo o enredo era O Segredo das Minas do Rei Salomão. Laíla era um coringa, cantava, organizava a harmonia junto com Dijalma Sabiá e o mestre Cacau. Meu pai Rumba Gabriel foi quem me levou para lá. Naquele território ele tinha como parceiros: Noel Rosa de Oliveira, Abelardo, Geraldo Babão, Bala e Zuzuca do Pega no Ganzê.

A partir de Fernando Pamplona e Arlindo Rodrigues, surge uma mudança extremamente radical nos desfiles das Escolas de Samba, a ponto do Salgueiro lançar sua máxima: “Nem melhor, Nem pior. Apenas uma Escola diferente”.

Joãozinho trinta e Maria Augusta faziam parte deste grupo de revolucionários. Laíla cresceu neste terreiro e depois partiu para Nilópolis. Pousou com as suas asas diferenciadas nas árvores da área nilopolitana.

Encontrava Laíla sempre no Largo do Jacaré pela manhã, pois foi um grande vizinho do Jacarezinho quando morou no Engenho Novo bem ao lado do saudoso Carlinhos Dória então presidente da Estação Primeira de Mangueira.

Sempre firme e profissional, Laíla transformou a Beija Flor num Holding Cultural. Ninguém pode duvidar dos seus méritos. A Beija Flor se transformou numa grande Escola de Samba modificando quase na raiz a essência dos desfiles na Sapucaí. Resultado, ganhou vários carnavais conquistando um público novo. Muitas críticas foram direcionadas a partir deste diferente comportamento na passarela. Nas entrevistas, Laíla era só orgulho e jamais criticou os resultados. Chegou ao ponto de colocar no seu enredo um país corrupto, onde o presidente é um terrível ditador. Pensou apenas nos dólares para à Beija Flor esquecendo do povo oprimido e miserável daquela lugar.

Agora que a Mangueira foi a campeã, ele aparece dizendo que houve marmelada, só para não dizer, roubo no resultado das apurações.

Me parece mais um chororo irresponsável por não querer reconhecer o belíssimo desfile da Estação Primeira.

Também estou triste, porque estava eu enfrente à uma mangueira lá em Nilópolis quando vi cair durinho um lindo Beija Flor.

 

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Rumba Gabriel
Nome: Antonio Carlos Frerreira Gabriel nasc. em 03 .07 Carioca RJ Rumba Gabriel Rumba era meu pai, compositor e parceiro de Nelson Cavaquinho, Cartola entre outros, dançava muito e bastante boêmio. Todos tinham apelidos. Meu pai era rumba porque dançava muito gafieira, logo ganhou o seu. E eu herdei. Sou jornalista, teologo, compositor da Mangueira e presidente da Esc. Samba Jacarezinho, escritor e poeta. flamenguista e adora uma feijoada, quem quiser pode me convidar.