Piorar para quem?

Piorar para quem? Andei pensando nessa frase, muito dita pelos brancos privilegiados, que se o ”candidato da extrema-direita vencer o país vai piorar”. Piorar para quem? Essa é a pergunta.
Eu já andava refletindo sobre o tema, quando essa semana li uma publicação de um grande pesquisador de favelas que em seu raciocínio caminha na mesma direção. Piorar pra quem? E como?

Quem fala que o país vai piorar com ausência de direitos, violência estatal e autoritarismos afim desconhece e/ou ignora toda a realidade vivida nas favelas e periferias do Brasil. Assim como também faz com o que passa as mulheres e os homossexuais nesse país. Morre um homossexual por dia por homofobia , uma mulher é violentada a cada 11 minutos, a cada 23 minutos um jovem negro morre violentamente. Todo final de semana, em número as mortes  de jovens negros equivale a queda de “um avião de jovens negros” nesse país.

O pesquisador, militante e morador de favela Fransérgio Goulart muito bem colocou: “Piorar o que? As operações policiais nas favelas, em vez de iniciar 4 da manhã vai começar 3? Em vez do caveirão terrestre ,teremos o voador? Isso já acontece! Teremos Drones sobre nossas cabeças? Isso também já acontece. O Genocídio vai se ampliar?Isso já acontece no Brasil desde sua existência estruturada e centrada no RACISMO. Juntando Mbembe e David Harvey vamos ver que a Necropolítica irá imperar se for A ou B nessa conjuntura atual de acumulação por espoliação. Vamos perder os direitos trabalhistas? Isso já não temos, trabalhamos na informalidade a maior parte dos favelados(as). Trabalhamos desde nossas infâncias até nossa velhice. Vocês não sabiam disso? A Educação irá piorar? Piorar o que? Em vez de mais de 50% de dias sem aulas por (in)Segurança Pública, falta de professores e de merenda, isso vai subir?”

A gente tem noção do que pode representar o governo pautado no discurso de ódio que esse candidato vomita dia após dia. Mas o discurso puro e simples de que vai piorar ignora totalmente a realidade vividas nas favelas e periferias do Rio de Janeiro e Brasil, onde o fundo do poço já foi atingido faz tempo mas eles continuam a nos obrigar a cavar para baixo.