Cultural, histórico, periférico, populoso e comercial. Estas são algumas palavras que representam bem um dos bairros mais antigo de Salvador – BA. Surgiu a partir dos engenhos de açúcar e das primeiras missões jesuíticas que atracaram na Bahia no período da colonização.
Pirajá, na linguagem indígena, significa um local cheio de peixes, tem uma população de 200 mil habitantes, conforme o censo do IBGE 2010. Fica localizado entre a BR-324 e o Subúrbio Ferroviário da capital baiana. Possui três finais de linhas: rua 8 de novembro (rua velha), rua nova e o conjunto Pirajá.
A rua 8 de novembro tem este nome devido ao fato histórico da famosa Batalha de Pirajá, que durou oito horas com cerca de quatro mil homens.
O vendedor Jonas José dos Santos Junior, de 30 anos, morador da comunidade, conta que o bairro é composto por ladeiras, becos, casas, conjuntos habitacionais, campos de futebol, bares, garagens de empresas de ônibus, lojas diversas, um porto seco, represa do Cobre e o Parque São Bartolomeu.
“Tenho satisfação em viver aqui. Uma comunidade com pessoas trabalhadoras e humildes. O bairro foi importante para a independência da Bahia, pois foi aqui que tudo começou, ” fala entusiasmado.
Batalha de Pirajá
É considerada um dos principais confrontos da guerra pela Independência da Bahia, sendo travada na área de Cabrito, Campinas e Pirajá. O professor de história, há 16 anos, Hélio Renato Góes Santana, de 37 anos, relata que a batalha de Pirajá deu orgulho e esperança aos baianos na luta contra os portugueses.
“Essa batalha não só encheu os baianos de entusiasmo, como renovou as forças para o embate entre Exercito Pacificador e as tropas portuguesas, diz.
A batalha começou na madrugada do dia 8 de novembro de 1822, quando cerca de 250 soldados portugueses que desembarcaram em Itacaranha atacando a área do Engenho do Cabrito, enquanto um outro grupo avançava por terra até Pirajá.
A vitória brasileira aconteceu no combate decisivo entre o Exército Pacificador e as forças portuguesas, chamada de a Legião Constitucional. A vitória do Exército Pacificador contribuiu com a Independência da Bahia, em 2 de julho de 1823.
O historiador Santana ressalta que a vitória brasileira consolidou a Independência da Bahia/Brasil e enfatiza que o governo brasileiro acreditou no general Labatut: “ A confiança que o Brasil tinha no Brigadeiro/General Labatut foi por diversas vezes confirmada por documentos enviados pelo governo brasileiro.
No comando das forças portuguesas na Bahia encontrava-se o comandante Inácio Luís Madeira de Melo, enviado por Portugal. O general francês Pedro Labatut foi nomeado pelo Príncipe-regente D. Pedro como o comandante do Exército Pacificador, que assumiria o comando das forças brasileiras que enfrentaram Madeira de Melo.
Homenagem a Labatut
O Panteão de Pirajá, que é uma homenagem ao General Labatut (1776-1849), tem estilo neoclássico construído em 1914, fica ao lado da Igreja de São Bartolomeu, do século 16, no Largo de Pirajá. Ambos, são marcados pela festa que acontece todo o dia 1º de julho, quando os habitantes recebem o Fogo Simbólico vindo do Recôncavo, representando as vilas revolucionárias que lutaram contra os portugueses, no século XIX.
Os restos mortais de Labatut encontra-se em uma urna de mármore no interior do Panteão.
Curiosidade
O Jornalista Tobias Monteiro narrou na obra “A elaboração da independência” um fato inusitado. Foi um episódio no qual o Major Barros Falcão, que comandava as tropas brasileiras, deu ordem de retirada, mas o Corneteiro Luís Lopes, por conta própria, trocou o toque para “cavalaria, avançar e degolar”. Os portugueses, surpreendido por tal movimento, entraram em pânico e recuaram, sendo derrotados no confronto.