Há quem diga que o pobre vive de teimoso. Confesso que as vezes faço reflexões nessa direção. Vejamos: deputados e senadores eleitos pelo povo, e para “legislar” para esse mesmo povo, reúnem-se, e em menos de 24h, votam os valores dos seus salários. Sem nenhum debate. Logo os presidentes anunciam: – aprovado!
No judiciário acontece a mesma coisa. A diferença é na hora de votar o salário mínimo. Debates calorosos, discussões acirradas, ameaças, quase chegam as vias de fato. Isso tudo porque estão decidindo um salário mínimo para os pobres. Ninguém até hoje descobriu quais os tipos de critérios que são utilizados para que cheguem a esta conclusão distinta e absurda. Num país com uma taxa de juros elevadíssima, com intermináveis quantidades de impostos, que tipo de artimanha utiliza o trabalhador para sobreviver com R$ 545.00 de salário? Pelo silêncio dos inocentes, parece que concordam. Dois pesos e duas medidas. É a erradicação da pobreza, ou a erradicação dos pobres?
A favela do Jacarezinho já foi considerada a Moscousinho das favelas. Sobre isso falamos em matérias anteriores. A única favela do Brasil que teve em suas bases dois diretórios políticos, PT, PDT. Chegamos a triste conclusão que deve ser exatamente por isso que o Jacarezinho recebe tratamento de abandono (castigo). Não tem uma Vila-Olímpica, não tem um projeto sério que possa abrigar as crianças, jovens e adolescentes. Quem vier visitar o Jacarezinho, irá encontrar pelas ruas, becos e vielas, crianças soltas sinalizando um altíssimo índice de evasão escolar. Assistirão também um desfile bélico de jovens e adolescentes em motos e a pé. Esses jovens são alvos fáceis diante dos confrontos com os agentes policiais. Ontem primeiro de março, tivemos o exemplo. Cinco jovens foram mortos em troca de tiros com a polícia. Esse é o outro tipo de erradicação do pobre que insiste em sobreviver.
Fica-nos a impressão de que, para o Estado é mais fácil partir para os confrontos e erradicar os jovens pobres, do que erradicar a violência. Isto porque o seu investimento em segurança pública, é bem maior do que com a educação.
Quem passar pela Avenida D. Hélder Câmara esquina com a Avenida Dos Democráticos, vai conhecer o projeto da Cidade da Polícia. Um espaço imenso nas ruínas saqueadas da antiga fábrica de cigarros Souza Cruz. Fica enfrente ao favelão do Jacarezinho. A placa está lá para quem quiser ver, com os seguintes dizeres: Elaboração de Projeto Executivo e a Execução de obras de Reforma com Modificação e Acréscimo na Cidade da Polícia. Valor: R$40.190.736.
A menos de 100 metros dali, também está nascendo uma Nova Cidade. A Cidade dos esfarrapados, sujos, mendigos – a Cidade dos Craqueiros. É a maior concentração de craqueiros por metro quadrado do Rio de Janeiro. Mas que para o governo, são apenas pobres. É o exército de reserva, o qual Karl Max havia falado. Tem gente demais, aliás, pobres em demasia.
Repito: – a placa sinaliza R$40.190.736. Esse valor não poderia ser usado na construção de um bom projeto destinado as crianças, jovens e adolescentes do Jacarezinho?
O governo do Estado acha que não. Prefere inclusive gratificar policiais com mais R$6.000.00, para que eles sintam-se motivados a prender e a matar mais pretos, pobres e favelados. Afinal, são só pobres que insistem sobreviver.
Ah! Já ia esquecendo, O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), até agora não chegou por aqui, mas a “Minha Casa e Minha Vida”; estão em ruínas!
Rumba Gabriel