Na esquerda Rumba Gabriel e Caio Ferraz. Atrás deles os policiais que retiveram os documentos do diretor da ANF, do câmera da UNE e do estudante.

 

Na esquerda Rumba Gabriel e Caio Ferraz. Atrás deles os policiais que retiveram os documentos do diretor da ANF, do câmera da UNE e do estudante.
Na esquerda Rumba Gabriel e Caio Ferraz. Atrás deles os policiais que retiveram os documentos do diretor da ANF, do câmera da UNE e do estudante.

Ontem a Agência de Notícias das Favelas levou um ônibus com cinquenta estudantes de todo o país, que participavam da nona Bienal da UNE, para conhecerem o Jacarezinho e um pouco do trabalho que realizamos. Em nossa programação estava prevista uma caminhada pela favela, ciceroneada por Rumba Gabriel, um de nossos colaboradores. Após quase uma hora de caminhada, em uma localidade conhecida com a Beira do Rio, em um beco em frente ao Campo do Abóbora, uma aglomeração de moradores chamou a atenção do nosso grupo. Moradores gritavam que um jovem estava sendo espancado! Curiosos e com um sentimento de justiça, todos se dirigiram para o local, alguns com câmeras e celulares filmando o que acontecia. Nada de anormal, pois nenhum funcionário público em exercício de função deveria se opor a ser filmado por qualquer cidadão, a não ser que estivesse cometendo algum ato impróprio. Ao ver que estava sendo filmado, o soldado PM Diogo Henrique pediu a identidade do rapaz que estava filmando e fotografando para a UNE, de um outro jovem e eu dei também a minha identidade de jornalista. Questionei porque não poderia filmar e achei estranha a posição do policial. Diogo Henrique, o PM, queria pegar a identidade de uma outra jovem, estudante de jornalismo, quando eu disse para ele que a postura dele estava sendo exacerbada e perguntei para que ele queria as identidades. A jovem estudante, ficou tão constrangida que começou a chorar! Lembrei-me que eu tinha um cartão do Coronel Frederico Caldas, que foi comandante geral das UPPs. Liguei para o celular que estava no cartão e fui atendido por um coronel. Passei o telefone para o soldado Medeiros, que falou com o comandante. Mesmo assim, o policial Diogo Henrique foi irredutível dizendo que teríamos que ir para a delegacia! Achei o cúmulo. Liguei para a imprensa, liguei para o deputado André Lazaroni, Caio Ferraz ligou para o Marcelo Freixo e ficamos ali por mais de uma hora, com nossas identidades retidas. Os estudantes foram unanimes em dizer que ficariam ali conosco, mesmo com uma suculenta feijoada que nos aguardava. Após mais de uma hora, depois de provavelmente ter recebido uma ordem superior, o soldado Diogo Henrique deu as nossas identidades para o soldado Medeiros, que anotou nossos dados, incluindo CPF, registro profissional e endereço, e devolveu nossa identidade. Foi muito ruim, porque parece que nada muda. Os policiais das UPPs que deveriam ter uma postura de aproximação com a população, agem de forma truculenta e ainda tratam pessoas que estão visitando a favela de uma maneira que deixou todos estarrecidos. O saldo positivo? Todos, eu disse TODOS os estudantes resolveram se tornarem colaboradores, escrevendo em nosso portal! Fica o alerta para o comandante local, o comandante das UPPs e agora para o governador Pezão, que assumiu pessoalmente a pacificação: Treinem melhor os policiais e cuidem na observação dos direitos básicos fundamentais. Expliquem que qualquer cidadão pode filmá-los, já que não estão cometendo nada de anormal. E não impeçam nenhum jornalista de exercer sua função, em especial, nesse caso, a Agência de Notícias das Favelas.