A marcha tem o objetivo de ampliar o debate e o apoio da sociedade à luta por garantia de direitos e vida plena para às mulheres. Em Salvador, a manifestação será nesta sexta-feira, 8, em referência ao dia internacional da mulher, sairá do Campo Grande a partir das 13h, até a Praça Castro Alves, em Salvador. A luta das mulheres toma o protagonismo das ruas em todo país.
A marcha organizada por cerca de 60 coletivos, movimentos sociais e entidades de classe, esse ano terá como tema Mulheres na luta, em defesa dos nossos corpos, territórios e identidades! Por democracia, contra a violência e exploração!.
O crescimento alarmante dos dados de violência doméstica e sexual contra às mulheres é a expressão mais explícita do machismo em nossa sociedade. Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2022 foram 74.930 casos de violência “registrados”. Na Bahia, pelo menos 13.751 ocorrências contra a mulher foram registradas de 1° de Janeiro à 15 de outubro de 2023, conforme dados divulgados pela Polícia Civil da Bahia (PC-BA). Denunciar as causas e apresentar propostas para o enfrentamento a estas violências é parte das pautas que estarão nas ruas nesta sexta-feira, mas a luta vai além.
Para os coletivos e entidades organizadores da Marcha, é importante reforçar as conquistas garantidas após a saída de um governo fascista e antidemocrático, sem perder de vista a necessidade de ampliar os avanços. A garantia da Lei pela igualdade de salários, o protocolo Não é Não, a distribuição de absorventes gratuitos nas farmácias populares e a implementação das Casas da Mulher Brasileira, – política criada ainda no governo Dilma, são importantes exemplos.
Em Salvador, a Casa da Mulher Brasileira, inaugurada em dezembro de 2023, foi muito celebrada porque o equipamento diminui a jornada da mulher na busca por justiça e acolhimento, em casos de violência. Mas, ainda é necessário que as mulheres conheçam e acessem esse serviço, e fiscalizem sua efetivação.
Outra pauta é que nos estados e municípios há ainda setores conservadores que atuam para retroceder a conquista histórica de direitos. São crescentes as denúncias de que os hospitais com serviços de aborto legal, – em caso de estupro, microcefalia ou risco de vida para a gestante -, estão sendo fechados, ou mesmo os atendimentos sofrendo interferência de cunho religioso e moralista. Por esse motivo, também é importante resgatar o papel de mulheres na política que estejam alinhadas com as lutas históricas do movimento de mulheres, e não com o discurso hipócrita de defesa da família tradicional, que só favorece as elites dominantes.
A luta de mulheres no campo e na cidade, a defesa pelos territórios e identidades dos povos indígenas e da população negra também estarão em pauta. Linha de frente nesses espaços, essas mulheres denunciam a ausência de políticas básicas como saúde, educação e segurança pública que afetam suas vidas. A realidade aponta para mães que sofrem pela ausência de creches que assegurem sua inserção no mercado de trabalho de forma digna, e ainda pelo medo de verem seus filhos jovens cooptados pelo tráfico de drogas ou vítimas da violência e do encarceramento promovido pelo Estado.
A ausência de demarcação das terras Índígenas, de Camponeses e Quilombolas, também serão pautadas em memória e por justiça para Mãe Bernadete do Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho e a Pajé Nega Pataxó, do território tradicional Caramuru-Catarina Paraguassu, no sul da Bahia. O crescimento assustador dos casos de lesbocídio e transfeminicídio também serão denunciados na Marcha, que reivindica o respeito à diversidade de expressão de mulheridade e a garantia de vida plena.