Depois de duas semanas de festival, o Rock in Rio se despede da edição de 2017 com a sensação de dever cumprido. Vários segmentos musicais e linguagens artísticas estiveram presentes nos sete dias do festival – do samba ao rock, do funk à música africana.
A música e cultura de periferia estiveram presentes em muitos espaços do Rock in Rio. No ano do centenário do mais brasileiro de todos os ritmos, a produção do Rock in Rio mandou muito bem ao privilegiar o samba. Como esquecer também das participações especiais dos jovens do Dream Team do Passinho e de Pretinho da Serrinha no memorável show da Alicia Keys no Palco Mundo?
A cultura de rua e a música africana também foram grandes atrações nos espaços alternativos, como Palco Street Dance. Foi acertada a ideia de montar, pela primeira vez, um espaço que contemplasse totalmente a música da África. Foram vários shows e apresentações inesquecíveis.
Porém, apesar de a cultura negra estar tão presente nos palcos e espaços, o público do festival era predominantemente branco. Em sete dias de evento, o que se viu aqui foi que, mais uma vez, o povo periférico e favelado esteve fora da festa. Quer dizer, de fora, não. . Na verdade, o povo preto participou do grande evento como sempre participa: varrendo, lavando, servindo e protegendo os convidados da festa.
Isso não quer dizer que o Rock in Rio seja responsável pela imensa desigualdade social e econômica da nossa sociedade. Se não houvesse festival, a desigualdade seria a mesma. Também não há como negar que um evento desse tamanho gera dezenas de milhares de empregos temporários, ajudando muitos trabalhadores que precisam de trabalho e renda para o sustento de suas famílias.
Mas é inegável que o evento pode e deve oferecer mais contrapartidas diretamente para a cidade e as pessoas que vivem nas favelas e periferias. Em 2019, Roberto Medina, organizador do Rock in Rio, prometeu criar um espaço especial que vai homenagear a cultura oriunda das favelas. É esperar pra ver.