Há algumas semanas atrás, o Jornal O Globo lançou matéria que chocaria uma parcela de desavisados da população brasileira. O presidente-sem-votos Michel Temer estaria envolvido em esquemas de corrupção e jogo de influência, revelação que veio a público através de gravação feita pelo empresário Joesley Batista, articulado com o procurador-geral da república Rodrigo Janot. Dias depois, a chapa Dilma-Temer é absolvida pelo TSE, com voto de desempate de Gilmar Mendes, colega dos tucanos. Ai fica a pergunta, mas de que lado estão o consórcio político-judicial-midiático-financeiro-empresarial?
É importante uma explicação para entender a disputa que ocorre na ponta da pirâmide brasilis. O estado brasileiro é composto pelos mais diversos poderes conservadores e retrógrados dominantes, com maior concentração em São Paulo e que são responsáveis por definir os rumos do país, o que deve ser julgado e o que deve ser veiculado em nossa nação. Tanto poder emana a partir de um único interesse, o capital financeiro. Essa elite não compactua com um sistema que ofereça oportunidades para as classes trabalhadoras se desenvolverem, pois isso altera o status quo que mantém o sistema e as estruturas que o comandam.
Dessa forma, esses poderes do Estado conseguiram articular suas forças através da mídia, do Parlamento e do Judiciário para garantir que o país sofresse um golpe e colocasse um presidente compromissado com a agenda ultraliberal do capital entreguista financeiro – agenda essa que só poderia se tornar realidade sem o crivo das urnas, pois retiraria direitos e dignidade do povo. Temer, porém, não avançou na saída da crise da economia nem na implementação da política de juros e austeridade defendida por eles, criando um racha da sua rede.
Porém, uma coisa é certa, a situação de Temer está insustentável na presidência do país e, apesar dessa pequena fissura, o consórcio mantém os olhos no horizonte de 2018 e da continuidade do projeto ultraliberal, da aprovação das reformas que tiram os direitos dos trabalhadores e da perpetuação do poder através de eleições indiretas. A saída para eles é a anulação do povo para aprovar, de forma célere, a sua agenda.