Praça do Pacificador em Duque de Caxias é palco para manifestações culturais. | Créditos: Wikipédia.

A Praça do Pacificador, que fica em Duque de Caxias (RJ), na região da Baixada Fluminense, é ocupada pelos moradores e se torna palco de manifestações artísticas e culturais da população.

A praça se encontra bem no centro da cidade, dentro do espaço do Centro Cultural Oscar Niemeyer, que conta com o Teatro Municipal Raul Cortez e a Biblioteca Pública Municipal Leonel de Moura Brizola.

Nos últimos anos, a praça vem sendo ocupada com eventos organizados por movimentos culturais como o Slam BXD, a Batalha de Rap do Raul Cortez e festas de bailes charme.

Por ser um local público, a praça é ponto de encontro para diversas manifestações artísticas, se tornando, por exemplo, local para ensaios de grupos de dança de hip-hop. 

Festas tradicionais e das novas gerações

Isis Virgulino, 22 anos , moradora do bairro de São Bento, orientadora social e estudante de Biblioteconomia na UFRJ é frequentadora dos movimentos culturais da praça. “O Slam BXD foi a primeira roda de poesia marginal que eu fui. E foi o primeiro slam em que declamei uma poesia autoral. Se tornou um espaço que foi além de lazer, entretenimento e conhecimento cultural, já que acontecia ao ar livre. É um local de acolhimento, pertencimento e desabafo.”

A praça também é usada durante as festividades juninas para a regionalmente famosa festa de Santo Antônio, padroeiro da cidade, organizada pelo poder municipal em parceria com a Catedral de Santo Antônio.

A cultura nordestina é notável na região, pois a cidade, como é conhecida atualmente, foi formada, em grande parte, por migrantes nordestinos. No local há outras ações promovidas pelo poder público ou ONGs, além de feiras de artesanato e de livros.

Não adianta querer acabar com o carteado

O território já era ocupado pela população antes mesmo da abertura do Centro Cultural, da inauguração da biblioteca, em 2004, o do teatro, em 2006. Antes da reforma, havia no local mesas e bancos de concreto, onde homens costumavam jogar jogos de baralho.

A antropóloga Adriana Batalha dos Santos relata o caso dos jogadores de carteado em seu trabalho Entre a Praça do Pacificador e o Centro Cultural Oscar Niemeyer, o Espaço Público. Mesmo após a demolição das mesas e cadeiras de concreto para a construção do teatro, o grupo de homens continuou resistindo em seus costumes, agora com mesas de plástico compradas com dinheiro de uma vaquinha entre eles.

Jogadores recorreram até o Estatuto do Idoso

Um dos jogadores guardava as mesas em sua casa, com a ajuda de um taxista, até conseguir o apoio de um funcionário do teatro, que ofereceu espaço do lado de dentro.

Antes disso, o grupo enfrentou lutas para reconquistar o espaço. Eles tiveram vários conflitos com a posição contrária das secretarias da Segurança e da Cultura, que tentavam os expulsar. Um entrevistado pela pesquisadora narra que chegou a recorrer ao Estatuto do Idoso para garantir que os jogos continuassem acontecendo na praça.

Recentemente, em dezembro 2021, a prefeitura concluiu uma obra controversa no Teatro Raul Cortez, ao fechar a marquise, parte utilizada como abrigo por pessoas em situação de rua.

A prefeitura também foi criticada por intervir em uma obra tombada. O espaço cultural foi arquitetado por Oscar Niemeyer.

Gostou da matéria?

Contribuindo na nossa campanha da Benfeitoria você recebe nosso jornal mensalmente em casa e apoia no desenvolvimento dos projetos da ANF.

Basta clicar no link para saber as instruções: Benfeitoria Agência de Notícias das Favelas

Conheça nossas redes sociais:

Instagramhttps://www.instagram.com/agenciadenoticiasdasfavelas/

Facebookhttps://www.facebook.com/agenciadenoticiasdasfavelas

Twitterhttps://twitter.com/noticiasfavelas