Depois de checar no Portal da Transparência a contratação de pessoas pelo prefeito Armênio Sodré Nunes, de Barra do Mendes, na região baiana da Chapada Diamantina, o morador Juan Pimentel identificou contratações de quatro pessoas mortas que figuram na prestação de contas da prefeitura. Juan analisou os recibos no Tribunal de Contas do Município para embasar sua denúncia ao Ministério Público.
Estima-se que o prejuízo pode chegar até R$ 200 mil. “Foi meio que por acidente que eu encontrei. Eu entrei em período de férias e home office, e aí me deu tempo de fazer meu trabalho de cidadão. Primeiro eu comecei focando na parte da Covid-19. Aí quando eu fui olhando no portal, eu vi que muitos serviços que estavam pagos lá, como reforma de praça, não estavam sendo feitos de verdade na rua”, cometa Juan Pimentel, morador da cidade.
As quatro pessoas mortas aparecem na planilha de pagamento como se tivessem executado serviços de pedreiro. Filadelfo Alexandrino da Silva, morto em 18 de agosto de 2018, tem um recibo de pagamento como prestador de serviço para a prefeitura em 11 de fevereiro deste ano no valor de R$ 3.160. O recibo tinha a assinatura de Filadelfo.
Após a denúncia, aproximadamente 50 pessoas procuraram Juan dizendo que seus nomes estavam no Portal da Transparência de maneira irregular. Um grupo de advogados está colhendo as informações dessas pessoas para apresentar ao Ministério Público. Os valores dos pagamentos variam entre R$ 600 e R$ 10 mil. O Tribunal de Justiça da Bahia disse que, caso comprovada a irregularidade, o prefeito poderá ser punido.
Em nota, a prefeitura deu a seguinte explicação: “O prefeito municipal de Barra do Mendes, surpreendido com diversas notícias que nos últimos dias estão circulando em redes sociais, de ‘supostos pagamentos irregulares’, realizados pelo município, informa que determinou a mediata autuação de Processo Administrativo de Auditoria, bem como a futura instauração de sindicância para elucidação dos fatos ventilados ou de quaisquer outros que acaso surjam no curso dos acontecimentos. Informa, ainda, que a apuração dos fatos será dotada de ampla publicidade e transparência, observando as normas e os ditames do direito administrativo e contabilidade pública, assegurando o direito constitucional de ampla defesa das pessoas que tiverem os nomes envolvidos em pagamentos irregulares”.