Alguns prefeitos baianos estão autorizando o uso de medicamentos como a cloroquina ou hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina, para o tratamento precoce e até preventivo ao coronavírus, todas drogas que não inspiram confiança, segundo algumas autoridades de saúde, e em alguns casos podem levar à morte pessoas com problemas cardíacos.
Para Eliane Simões, diretora do Sindicato dos Farmacêuticos da Bahia (Sindifarma), “como já foi comprovado por meio de pesquisas, esses medicamentos podem causar eventos adversos à saúde, e a procura nas farmácias cresceu bastante, favorecendo a indústria farmacêutica e não a saúde da população”.
Vitória da Conquista, Itaberaba, Itagi, Lençóis, Jequié e Porto Seguro são as cidades até o momento onde os prefeitos e secretários de saúde permitem os profissionais de saúde utilizar os medicamentos, com a autorização dos pacientes, condição prévia por causa dos riscos que pode acarretar à saúde. Não há evidência científica de que esses medicamentos realmente funcionem no combate ao coronavírus.
Além do uso, nas cidades estão sendo distribuídos o “kit-Covid” mesmo sem o apoio da Secretaria de Saúde do Estado. Alguns especialistas não recomendam essa iniciativa e alertam para os efeitos colaterais que podem agravar o quadro clinico dos pacientes.
Em Porto Seguro chegaram 40 mil caixas de hidroxicloroquina a pedido de uma médica da cidade feito ao presidente Jair Bolsonaro. O prefeito de Vitória da Conquista, Herzem Gusmão (MDB), foi a Brasília com um abaixo-assinado contendo 124 assinaturas de médicos para solicitar os medicamentos junto ao Ministério da Saúde, mesmo sem adotar nenhum protocolo de tratamento da doença com o uso desses medicamentos. O prefeito alega que está respaldado em “experiências positivas divulgadas por diversos profissionais em várias partes do mundo, inclusive no Brasil”, informando inclusive no abaixo-assinado.
Na cidade de Itagi, no Centro-Sul baiano, foi iniciado tratamento com os medicamentos citados, também está sendo feito a distribuição do “Kit-Covid”, com entregas a domicílio para pacientes com sintomas gripais, segundo a Secretaria de Saúde do município.
De acordo com a Secretaria de Saúde da Bahia, os médicos devem decidir o uso dos medicamentos a partir da sua avaliação clínica de cada paciente, que indica os melhores tratamentos. Mesmo assim, não há recomendações ou protocolos estabelecidos institucionalmente pela secretaria.