Então, ficou combinado assim: o general Walter Braga Neto, da Casa Civil, assumiu a coordenação do governo no combate ao coronavírus e na parte política também, esvaziando a oposição e o gabinete do ódio comandado por Carlos Bolsonaro. Não à toa, é daquele lado que vem a artilharia pesada contra o general, mas ele muito acima disso.
importante é que o discurso do presidente no domingo em Brasília funcionou como a entrevista de Luiz Henrique Mandetta à Globo, no domingo anterior. Evidentemente que guardadas as devidas proporções – Bolsonaro não pode ser demitido. Mas obrigaram-no a desdizer que não negocia nada, que agora é o povo e outras bobagens e puseram-lhe espécie de mordaça, uma focinheira civilizatória, digamos assim.
A partir de agora, vai se dedicar à sucessão de rodrigo Maia, nomeado seu inimigo número um, na presidência da Câmara. Se aproximou dos deputados do Centrão, que andavam arredios sobretudo por causa das posições na pandemia, oferece-lhes cargos no governo seguindo o protocolo da velha politica que prometeu sepultar durante a campanha (e o povo não notou que era igual a Collor contra os marajás. Pudera! o povo do Bolsonaro nem se lembra de 1989).
Na cartilha antiga da política brasileira, Bolsonaro já acenou para o Centrão com cargos no Banco do Nordeste, na Codevasf e no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, segundo colunistas de Basília, e deve ser verdade, a julgar pela reação da deputada Joice Hasselmann, ex-líder do governo hoje afastada do clã presidencial:
“O presidente está traindo todo o discurso dele, que não teria toma lá dá cá. Ele está entregando parte significativa do governo para tentar criar uma base. Rompeu com tudo, provou que é mais do mesmo. O PSL não participou nem participará das negociações”.
Contido no ringue político pela batalha sucessória na Câmara, é capaz até de Bolsonaro suspender seus passeios pelo Distrito Federal e até as famosas entrevistas à saída do Alvorada. Desde que os generais mandaram parar com essa bobagem de fechamento do Congresso e do Supremo ele vem cortando um dobrado com a claque matutina e já perdeu a paciência com um ou dois “apoiadores” anônimos. A partir desta semana, quem quiser pedir alguma coisa ao presidente, procure o general Braga Neto na Casa Civil.