O presidente da Bolívia Evo Morales anunciou, no fim da tarde deste domingo, 10, sua renúncia. A decisão aconteceu em meio à crescente pressão das Forças Armadas, que pediam que ele deixasse o cargo como forma de “pacificar o país”. Ainda durante a campanha presidencial deste ano, Morales denunciava um golpe em curso movido pelas Forças Armadas e a Defensoria Pública boliviana, que teriam, segundo ele, aderido à pressão promovida pela oposição. O pleito aconteceu dia 20 de novembro, que rejeitou a direita e garantiu um quarto mandato ao ex-líder sindical cocaleiro.
O atual mandato iria até o início do ano que vem. O anúncio oficial aconteceu na cidade Chimore, província de La Paz, por volta das 17h 40, hora de Brasília. O vice-presidente Álvaro Garcia Linera também renunciou. Pouco antes de Morales oficializar sua saída do posto, uma série de lideranças partido oficialista, o MAS, apresentaram renúncia. Governadores, deputados, senadores, ministros e a presidenta do Tribunal Supremo Eleitoral também deixaram seus postos em meio ao avanço da violência no país. Morales alegou que a renúncia se dá para manter paz na Bolívia.
– É minha obrigação buscar essa pacificação, espero que Mesa e Camacho entendam essa mensagem. Não prejudique as pessoas pobres, não use as pessoas. […] Estou renunciando para que meus companheiros não sejam intimidados nem ameaçados – declarou em anúncio na emissora estatal.
Antes, na manhã deste domingo, Morales propôs a realização de novas eleições gerais como forma de tentar pacificar o país, que já vinha sofrendo em conflito desde que a oposição se manifestou contra o resultado das urnas que deu vitória em primeiro turno. A Organização dos Estados Americanos fez uma auditoria nas urnas e não declarou fraude, mas chegou a recomendar um novo pleito devido ao caos instalado na Bolívia.
Na véspera da votação de que vitória a Morales, o presidente havia falado que a Bolívia “está em processo um golpe de estado”, possivelmente em referência aos protestos e à greve indefinida anunciados no país.
Uma série de gravações de opositores mostra que há uma possível articulação internacional para um golpe contra Morales. De acordo com reportagem da Revista Fórum, áudios evidenciam o apoio “das igrejas evangélicas e do governo brasileiro”, além da articulação com operadores americanos e israelitas para “queimar estruturas do partido de governo e atacar também a embaixada de Cuba”. Em um dos áudios, um interlocutor teria revelado apoio “das igrejas evangélicas e do governo brasileiro”, além de cita um “homem de confiança de Jair Bolsonaro, que assessora um candidato presidencial”.