Presos políticos e vereador cassado pela ditadura são homenageados em Salvador

Edifício da Câmara Municipal de Salvador- Crédito: Antonio Queirós

Sessão especial que homenageia presos políticos e vereador cassado pela ditadura acontece nesta segunda-feira (5), às 10h, na Câmara Municipal de Salvador.

Os presos políticos foram vítimas da “Operação Radar” na Bahia, deflagrada em 5 de julho de 1975, sob comando do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, auxiliado pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury.

São cerca de 40 pessoas dos milhares de brasileiros vítimas das graves violações de direitos humanos praticadas durante o regime autoritário, que serão homenageadas.

A homenagem foi sugerida pela vereadora Maria Marighella (PT). “A sessão reivindica o direito constitucional à memória, verdade e justiça ao dar publicidade a um acontecimento insistentemente apagado dos relatos históricos sobre Salvador”, declara a vereadora.

Homenageados

Na lista de homenagem estão o vereador do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) Sérgio Santana, cassado pela ditadura civil-militar, cujo mandato jamais foi restituído.

O ex-deputado e advogado Carlos Augusto Marighella, pai da vereadora Maria Marighella (PT).

Amabília Almeida, ex-vereadora e deputada estadual Constituinte da Bahia, representará as famílias e também o seu marido, Luiz Contreiras.

Maria Lúcia de Carvalho e Marco Antônio Medeiros darão seu testemunho enquanto memória viva sobre este episódio do regime político autoritário.

O vice-reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Paulo Miguez, e o jornalista e ex-deputado Emiliano José, completam a relação.

O evento será transmitido ao vivo pela TV Câmara – canal aberto 12.3, no site www.cms.ba.gov.br e no facebook.com/tveradiocam – e pela Rádio Câmara 105,3 FM.

Operação Radar na Bahia

A operação fez parte de um conjunto de iniciativas articuladas nacionalmente pela polícia política da ditadura civil-militar para perseguir, prender, torturar e matar opositores políticos vinculados ao Partido Comunista Brasileiro.

Na Bahia, a operação tinha o objetivo de prender os dirigentes do PCB do diretório estadual, que vinham rearticulando os sindicatos e construindo uma tendência política, a “Ala Jovem do MDB”, no único partido de oposição consentido pelo regime civil-militar.

Alguns militantes ficaram quase dois anos na prisão. Entre as cerca de 40 pessoas presas e levadas para o centro clandestino conhecido como “Fazendinha”, localizado nas proximidades de Alagoinhas, esteve o então vereador de Salvador pelo MDB Sérgio Santana, que posteriormente foi condenado como “subversivo” e teve seu mandato cassado.

Os detidos, que viviam em legalidade, sem qualquer mandato, flagrante ou justificação, foram sequestrados por homens que se apresentaram como policiais, que os algemaram, encapuzaram e conduziram forçadamente ao centro clandestino, onde foram submetidos a interrogatório e torturas.

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