Após a prefeitura da cidade ser estabelecida, a primeira eleição de Petrópolis aconteceu em julho de 1922. Anteriormente, o chefe do Executivo da Rainha das Serra, ou Cidade das Hortênsias, como era conhecida Petrópolis, era nomeado pelo governo estadual, isso desde os tempos do Império e persistiu nos primeiros anos da República.
Quando o povo petropolitano pode, pela primeira vez, escolher mediante o voto direto e secreto o primeiro prefeito, ungido para administrar a cidade conforme a vontade popular, a eleição já foi marcada por controvérsias judiciais.
Na primeira votação, dois candidatos concorreram pela preferência dos eleitores: Arthur Barbosa, proprietário da Tribuna de Petrópolis, representando a situação; e o médico Joaquim Moreira, previamente eleito deputado Federal em 1921, liderando a oposição ao grupo político associado a Nilo Peçanha, governador e líder político no estado do Rio de Janeiro.
Um manifesto divulgado no jornal Tribuna de Petrópolis mobilizou a maioria dos eleitores, oriundos da classe trabalhadora, contra o candidato da oposição, o médico Joaquim Moreira. Isso ocorreu devido alegações de que ele teria declarado que os trabalhadores em greves anteriores ao pleito mereciam ser “castigados com chicote”, em vez de terem suas reivindicações atendidas.
Com uma estrutura mais consolidada o e com a Tribuna de Petrópolis ao seu lado, o jornalista situacionista Arthur Barbosa conquistou 1.774 votos, superando o oposicionista Joaquim Moreira, que obteve 1.229. Além de vencer com folga, Barbosa garantiu a maioria esmagadora no Legislativo municipal: das 15 cadeiras 12 foram conquistadas por seu grupo político.
Inconformado e questionando a legalidade do pleito, o médico Joaquim Moreira recorreu à justiça, alegando que o vitorioso nas urnas concorreu sob impedimento legal. Isso baseou-se em uma falsa venda da Tribuna de Petrópolis, mediante escritura de venda forjada.
A Lei eleitoral estadual nº 1.723, em seu artigo 6º, versava sobre a inelegibilidade para o cargo de prefeito, positivando que “os diretores, gerentes e empregados de empresas que tinham contratos com o município”, portanto recebiam recursos públicos para a prestação de serviços, não poderiam concorrer ao cargo de prefeito ou vereador. Seriam inelegíveis. Como dono da Tribuna de Petrópolis, o jornalista Arthur Barbosa teria simulado mediante “falsa” escritura pública a venda do periódico.
A briga judicial entre os candidatos foi até as últimas instâncias e se estendeu até o dia 16 de fevereiro de 1923, quando a mais Alta Corte de Justiça do Rio de Janeiro reconheceu em acórdão Joaquim Moreira capaz e eleito para o cargo de prefeito do Município de Petrópolis.
Enquanto durou a briga judicial entre os candidatos que disputaram a prefeitura no voto popular, a cidade foi governada por um prefeito interino, oriundo da Câmara de Vereadores.
Cem anos se passaram e a disputa pela cadeira de prefeito da Rainha das Serras, a Cidade Imperial, continuou sob a interferência da justiça, caindo nas mãos de um prefeito interino, a exemplo do último pleito municipal, que retirou de Rubens Bomtempo quase um ano de seu mandato.
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