A última quinta-feira (01) foi mágica para cerca de 30 crianças e adolescentes da ONG Favela Mundo. Elas, em sua maioria negras, acostumadas a princesas como Cinderela e Branca de Neve, com cabelos lisos e peles brancas, viram suas referências mudarem após conhecerem a princesa Arewa Folashade Adeyemi, do Reinado de Oyo, na Nigéria. A monarca, que esteve na cidade para receber a Medalha Pedro Ernesto, na Câmara dos Vereadores do Município do Rio de Janeiro, escolheu a ONG Favela Mundo como a única organização social visitada por ela. Arewa passou apenas seis dias na cidade.
Negra, com roupas africanas tradicionais e sem coroa, Arewa mostrou que princesas não são apenas do jeito que os contos de fada tradicionais retratam, além de dar um show de simpatia e simplicidade ao chegar na Escola Municipal Marechal Estevão Leite de Carvalho – onde funciona o polo da Favela Mundo, no Engenho da Rainha, Zona Norte do Rio. Lá, esbanjou sorrisos e cumprimentou alunos e professores em suas salas de aula. Vestiu a camisa da ONG, assistiu a apresentações de capoeira e teatro, além de conversar com as crianças. O objetivo da visita era claro: empoderar meninas e meninos negros, atendidas pela organização.
“Fui muito bem recebida, pude conversar com as crianças, saber um pouco sobre suas histórias. Combinei que vou levar algumas para conhecer a Nigéria, no ano que vem”, contou Arewa. O diretor da Favela Mundo se disse muito contente com a visita e o convite: “As crianças negras acabam não tendo referenciais, acham que princesas são apenas as dos filmes. É importante que vejam e saibam que existem princesas negras”, afirmou ele. Para escolher quais crianças irão para a Nigéria, o critério adotado será a meritocracia: viajam aquelas que obtiverem as melhores notas na escola.
Durante a visita ao Rio de Janeiro, Arewa também visitou terreiros de Candomblé da Zona Oeste e Baixada Fluminense, o Sarau Africanidade e o Instituto Pretos Novos. Além de receber a Medalha Pedro Ernesto, recebeu ainda uma moção honrosa na Câmara dos Vereadores. Segundo sua comitiva, ela deve retornar ao país em fevereiro do ano que vem, quando começará os trabalhos para implementar a Casa da Nigéria na cidade.