A novela da prisão do ex-ministro Anderson Torres terminou na manhã deste sábado com seu desembarque em Brasília, mas as emoções fortes continuam, porque desde a noite da véspera o ex-presidente Jair Bolsonaro está incluído no inquérito, por decisão do ministro Alexandre de Morais, atendendo a pedido da Procuradoria Geral da República.
Como publicou o site Jota, focado no mundo jurídico, a Procuradoria “entende que Bolsonaro cometeu incitação pública à prática de crime ao postar vídeo no dia 10 de janeiro questionando a regularidade das eleições presidenciais de 2022”. A postagem foi apagada no dia seguinte, mas deve ser preservada pela Meta (Facebook), por instrução de Morais.
A “live” em questão se insere no mesmo contexto do documento encontrado pela polícia na casa de Anderson Torres que seria a minuta do golpe na sucessão presidencial desacreditando o resultado das urnas e decretando Estado de Defesa para alterar o total de votos dos candidatos. Segundo a versão inicial, a minuta é na verdade o decreto com redação final e data de 12 de janeiro, a diplomação de Lula e Alckmin. Mais tarde, o dia 1º de janeiro surgiu como data do documento, mas isso é detalhe que não muda o quadro.
Além disso, a legislação brasileira criminaliza até mesmo a intenção de golpe de estado, quer dizer, a simples redação do decreto e sua discussão a portas fechadas tipifica crime passível de prisão de perda de direitos políticos – o medo maior de Jair Bolsonaro e motivo da sua fuga para o exterior na antevéspera da posse de Lula.
Tudo leva a crer que o cerco se aperta cada dia mais com a ampliação do número de envolvidos encabeçados pelo ex-presidente da república e tendo como comandante de fato o ex-ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Augusto Heleno, cuja ignorância dos planos golpistas é inadmissível.