“É uma honra estar como curadora em um dos maiores festivais dos Estados Unidos. Como mulher negra, ocupar esse espaço de liderança não é apenas uma conquista pessoal, mas também um símbolo poderoso de que estamos quebrando barreiras e desafiando estereótipos profundamente enraizados”, Priscila Santana, nascida e criada no Engenho Velho de Brotas, periferia de Salvador (BA) e tendo estudado sempre na rede pública de ensino, a musicista baiana Priscila Santana, tem uma trajetória marcada pela dedicação em acessibilizar a diversidade musical e cultural.
Ela liderou a Prima, uma iniciativa que possibilitou oportunidade para mais de 1500 jovens estudantes brasileiros de escolas públicas. Priscila continua este mesmo trabalho ao realizar shows gratuitos nas ruas e parques movimentados de Nova York, onde assumiu o papel de curadora e gestora de programação do Summer Stage Festival.
Priscila Santana, é maestrina e educadora e está à frente da curadoria e coordenação dos eventos que compõem o grandioso projeto, com shows gratuitos em parques icônicos como o Central Park, incluindo Charlie Parker Jazz Festival. Na temporada deste ano, Alcione, Larissa Luz, Corinne Bailey Rae, Andra Day e outros grandes nomes do cenário mundial estão confirmados
A baiana é uma profissional multifacetada que está se destacando como peça-chave na cena musical mundial. Ela carrega uma bagagem rica de influências culturais e uma paixão pela música como ferramenta para impulsionar mudanças sociais.
O festival é conhecido por ser um dos maiores do país. Por lá, o trabalho de Priscila envolve a curadoria e coordenação de aproximadamente 80 eventos culturais gratuitos – incluindo o prestigiado Charlie Parker Jazz Festival -, que abrangem os sete parques encontrados nos corações dos cinco bairros da cidade, do Central Park aos espaços do Bronx, Brooklyn, Queens e Staten Island. São mais de 250 artistas contratados para pouco mais de 80 shows durante os dias de evento. “Temos um comprometimento com 50% de mulheres na nossa programação e, no geral, temos mais de 80% de artistas que são considerados não brancos. Como um festival que existe há 37 anos, ele foca em trazer uma programação tão diversa quanto é Nova York. Para esta edição, teremos artistas pop como Corinne Bailey Rae, divas do jazz como AndraDay, Christian MCBride… Do Brasil, nossa diva do samba Alcione e, também, Larissa Luz”, complementa.
No entanto, a jornada de Priscila vai muito além dos palcos. Atualmente, está fazendo um doutorado em música na Columbia University-Teachers College, onde sua pesquisa se concentra nas intersecções entre liderança, políticas culturais nas artes e estudos feministas negros, enquanto também dedica seu tempo ao cuidado da filha, Sofia.
Como musicista, é regente da Companhia Internacional de Ópera Brasileira e lidera um grupo de samba exclusivamente feminino. Seu ativismo comunitário é parte essencial de quem ela é, como coordenadora voluntária do Coletivo Kilomba – uma coalizão de mulheres negras brasileiras nos EUA – e do Coletivo de Estudantes Negrxs Brasileirxs da Universidade de Columbia, AFRA.
Seu currículo inclui também ter sido curadora da temporada 2023 do Theatro Municipal de São Paulo, jurada do Festival de Música da Paraíba e participante de inúmeros eventos e festivais. Sua trajetória também a levou a se apresentar em turnês aclamadas pela crítica em países da Europa e nos Estados Unidos, acompanhando grandes nomes da música clássica e colaborando com artistas brasileiros, como Carlinhos Brown, Daniela Mercury, Margareth Menezes e Maria Rita.