A maneira irresponsável como foi feita a entrega de nossos serviços de energia e gás, tudo às pressas, sem debate público ou qualquer compromisso de conferir responsabilidades ou, mesmo, de exigir contrapartidas, tornou ainda mais fácil fazer de um BEM PÚBLICO FUNDAMENTAL, uma MERCADORIA!
Como em 1996 sequer as agências reguladoras estavam criadas, os controladores capitalistas da Light e da Ceg não tinham qualquer obrigatoriedade com a qualidade para os serviços a serem prestados à população. Ao contrário, a preocupação era apenas uma: fazer a empresa dar lucro para remunerar seus acionistas…
Mesmo depois, apesar da criação dessas agências, como sua lógica constitutiva, permaneceu tendo o caráter neoliberal tucana, só os interesses das empresas são contempladas, basta ver que, até hoje, a ANEEL nunca multou DE VERDADE a Light e foi preciso o Ministério Público entrar no circuito para que multas de 100 mil reais (ridículas, convenhamos) por bueiro que saia voando e ferindo os cidadãos e turistas que circulam na cidade.
Na verdade, como os governos tucanos de Fernando Henrique e Marcelo Alencar queriam muito vender o Brasil (quem não se lembra da mudança do nome da PETROBRAS para PETROBAX, para ficar mais atraente ao capital internacional?) trataram de facilitar a vida e ganância dos sócios estrangeiros autorizando o uso de “moedas podres” na Light para os franceses e na CEG para os espanhóis.
Assim, o capital estrangeiro tão logo assumiu as empresas se preocupou em cortar gastos, despedir as antigas equipes que dominavam totalmente os assuntos técnicos tanto da Light, quanto da Ceg, terceirizando a força de trabalho a custo muitas vezes 2 vezes menores que os profissionais qualificados dessas concessionárias, sem qualquer preocupação de investimento no sistema que não fosse na área comercial, de cobrança e cortes.
Isso sem falar que pagamos hoje no Rio de Janeiro tarifas mais caras que as de Nova Iorque, isto é, uma das mais caras do mundo!
Passado esse período, após terem embolsados seus lucro, essas empresas trataram de sair do Brasil. Assim, a Light e Ceg viveram, nesses últimos anos, algumas trocas de controle acionário se que nada mudasse para o população, porque, como a lógica permanece a da busca da alta remuneração das ações, não há qualquer interesse na reposição de equipamentos obsoletos e na revisão e manutenção permanente das malhas subterrâneas que, no subsolo da cidade, fazem se encontrar as redes de energia elétrica, gás, telefonia, água e esgoto. Misturas essas, quase sempre desaconselháveis, quando não, explosivas!
Portanto, estamos vivendo hoje em dia, as consequências de “uma armadilha” armada há uns 20 anos atrás, fruto de contratos que foram todos feitos para atender interesses escusos e entreguistas.
Privatização de serviço essencial? O povo vai pagar por isso!
CENA 01:
Dia: 26 de maio de 1996. Cenário: Paço Imperial, cercada de grades da PM com direito a tropa de choque, cães, cavalaria.
Motivo: Ia acontecer o Leilão de privatização da Light e, depois, de inúmeras greves e grandes manifestações de atos de protestos, o Governo de Fernando Henrique preparou-se para um grande conflito em Praça Pública. Não foi o que aconteceu. Afinal, desde 92, ainda no Governo Collor, a categoria vinha resistindo a privatização e, as pequenas conquistas obtidas durante o Governo Itamar, cairam todas por terra com a política neoliberal e privatistas dos tucanos. Na ocasião, a Light contava com 11.386 profissionais gabaritados e, toda manhã, uma turma de manutenção subterrânea cruzava a cidade “correndo linha”, isto é, saia procurando defeito em cada caixa subterrânea, de modo a fazer a manutenção preventiva do sistema. Gente demais, pensaram os “gringos” novos donos da empresa. Numa única semana de agosto, foram 4500 demissões, em sua grande maioria, de operários qualificados. Hoje, para servir um número muito maior de clientes e uma demanda industrial muito mais puljante a empresa mantém apenas em torno de 4000 empregados.
Agora, quando as escandalosas e perigosíssimas explosões dos bueiros da Light, nos remetem àquele momento, poucas pessoas se lembram como TODA A GRANDE MÍDIA, vendeu à Sociedade que as “tarifas iam ficar mais baratas e a qualidade do fornecimento de energia elétrica iam melhorar”…
Ledo engano! e como na letra da música “QUEM É QUE VAI PAGAR POR ISSO? QUEM É QUE VAI PAGAR POR ISSO???”
Já podemos responder: como sempre, o povo da cidade do Rio de Janeiro e demais municípios servidos pela Light.
CENA 02:
Junho/Julho de 2011. Diferente daquele momento histórico, talvez já esteja claro para toda a Sociedade Fluminense e Brasileira o quão prejudicial aos serviços públicos pode ser um processo de privatização de seus serviços essenciais!
CENA 03: E, o que fazer?
Diferente do que aconteceu no final da década de 90, parece-nos prudente que, desde já a Sociedade Fluminense e Carioca cobre dos poderes públicos e órgãos reguladores um posicionamento comprometido com a população que exija das concessionárias de energia e gás uma imediata intervenção preventiva no sistema (que não deve ser apenas no subterrâneo, pois na rede aérea também existem graves problemas a resolver!)de modo a oferecer um serviço de qualidade e a preços compatíveis com a realidade econômica do estado.
Assim, não só os atuais controladores da Light e da Ceg devem responder com presteza por essa situação de calamidade; como também os anteriores, assim como, as autoridades que lideraram todo o processo de privatização criminoso dessas concessionárias deveriam responder por seus atos de lesa-patria.