O município de São Gonçalo, no Estado do Rio de Janeiro, possui cinco distritos com mais de 1 milhão de moradores e muitas favelas. É neste cenário que surge o projeto Artemísia – Letramento Social, criado para atender a demanda das mulheres da região, que em sua maioria são mães. Ele é desenvolvido através da parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF), com apoio de Luana Mota e Chico D´Angelo.
A principal motivação foi a necessidade de unir empreendedorismo, saúde e sustentabilidade ambiental. Centenas de mulheres foram mobilizadas e a abertura do projeto contou com a realização de um seminário sobre políticas públicas.
O conteúdo programático incluiu oficinas de marketing digital sustentável, desenvolvimento de marca e cultivo de ervas medicinais para produção de sabonetes naturais.
As principais favelas envolvidas são Sacramento, Jockey, Lagoinha, Jardim Catarina, Complexo do Salgueiro, Itaóca, Venda da Cruz, Neves e Monjolos.
Projeto gera renda e resgata saberes
O projeto se transformou na primeira Cooperativa de Saboeiras do Rio de Janeiro, com sede em Monjolos. Núcleos produtivos serão implantados nas favelas participantes.
A oportunidade de gerar renda tem relação direta no cuidado com a saúde, através de produtos naturais, incluindo a produção de sabonetes medicados (naturais e específicos para cuidados com o corpo e higiene íntima).
Elas estão exercendo o resgate de saberes ancestrais, incluindo preservação do meio ambiente e autonomia financeira no conceito de “economia circular”. O lançamento da marca dos cosméticos naturais está previsto para junho.
Reaplicando os recursos
Com os recursos arrecadados, cada núcleo produtivo destinará percentuais para as mulheres que compõe a cooperativa e para promover melhorias nas favelas. Leila Araújo é uma grande mobilizadora social do município de São Gonçalo, integrante do Movimento Social Cidade no Feminino e responsável pela concepção do projeto Artemísia. Ela é uma incentivadora da criação da Cooperativa das Saboeiras do Rio de Janeiro.
“Somos mulheres e mães limpando o mundo, resgatando saberes ancestrais dentro das periferias e favelas, desconstruindo o paradigma da violência e da escassez de recursos naturais desses lugares, lembrando que a favela é uma planta que resiste às adversidades, possui espinho como proteção, é medicinal e tem uma flor muito bonita”.
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